Campo Grande (MS) – “Será que vai chover?” A pergunta é simples, mas a resposta é cada vez mais elaborada, basta ver o espaço dedicado para o ‘tempo’ nos noticiários. Pra ajudar na precisão dessa resposta, Mato Grosso do Sul terá ainda este ano a instalação de 17 novas estações meteorológicas no seu sistema de monitoramento do clima, um fator de estímulo para os profissionais da área, que comemoram hoje o Dia Mundial da Meteorologia.
As novas estações vão se somar as 33 que estão instaladas hoje no Estado, porém representam o avanço que vai ao encontro do crescente interesse na previsão do tempo, um dos motivos para a comemoração dos profissionais do setor no dia de hoje. Com acesso às previsões climáticas na palma da mão, só sai de casa sem saber se vai chover quem não procurar pela resposta.
A coordenadora do Centro de Monitoramento de Tempo, do Clima e dos Recursos Hídricos de MS (Cemtec), Cátia Braga, comemora os novos equipamentos. “Além de aprimorar as previsões meteorológicas, vamos armazenar dados que permitirão, no futuro, fazer avaliação climática”. Mas qual a diferença entre climatologia e meteorologia? “Meteorologia é a previsão do tempo a partir do que eu já tenho, é o que está chegando. Climatologia precisa de mais e dados e de, pelo menos, 30 anos de monitoramento para traçar o que se pode esperar no longo prazo, fazendo previsões para as estações do ano, por exemplo”, explica a meteorologista.
Há oito anos na coordenação do Cemtec – e prestes a deixar o posto, pois vai mudar do Estado – Cátia diz que o Centro tem armazenados dados dos últimos 15 anos, ou seja, será preciso outro tanto para que a climatologia entre em cena com previsões consistentes. Nesse período, de todos os revezes do tempo, as cheias pelo qual o Estado passou de novembro do ano passado a fevereiro último foram ocorrências climáticas das mais marcantes. “Foram quatro meses impressionantes, de chuvas intensas, com mais de 100% de volume acima do histórico em alguns municípios”, conta a meteorologista.
“Este foi o maior El Niño dos últimos tempos. O mais forte desde 1997 e 1998 até agora”, afirma, referindo-se ao resfriamento das águas do Pacífico, fenômeno que interfere no clima de todo o Planeta. Além dos níveis de pluviosidade, outro evento climático marcante para a meteorologista foi a geada registrada no Pantanal. Em 25 de julho de 2013, Corumbá registrou 1,1º negativos, uma temperatura gelada para a região que costumeiramente é comparada com um forno. Nesse mesmo dia, sete municípios registraram temperaturas negativas no Estado, sendo que em Rio Brilhante os termômetros marcaram menos 2,4 º.
Ocorrências como essas logo são relacionadas ao aquecimento do planeta, uma relação que merece a ponderação da meteorologista, especialmente no dia de hoje. Como argumento, Cátia traz dados de 1975, quando Ponta Porã chegou a registrar 3º negativos. Neste ano, a frente fria atingiu vários estados e se tornou histórica por dizimar, entre outras culturas, os cafezais de Minas Gerais. Apesar de considerar as alterações climáticas no planeta, a meteorologista é cautelosa em relação aos generalismos que desconsideram dados técnicos. “Está acontecendo uma grande mudança no clima global, mas a variabilidade climática sempre existiu. Nem todas as ocorrências fora da média são mudanças no clima”, afirma.
Mas é fato que o clima e suas variações têm despertado mais interesse. “A mídia está mais comprometida com meteorologia, até porque as informações estão mais precisas e disponíveis, então as pessoas são mais informadas e buscam saber mais”, destaca. E pra acompanhar essa demanda e antecipar movimentos como do El Niño e seus reflexos no Estado, as expectativas estão todas nos novos equipamentos que serão instalados.
As novas estações meteorológicas darão maior confiabilidade ao trabalho de monitoramento e vão preencher lacunas de áreas no monitoramento do Estado graças a um convênio entre o Governo Estadual, Ministério da Agricultura (Mapa) e Instituto Nacional de Metrologia (Inmet). Serão instaladas nos municípios de Angélica, Aral Moreira, Bandeirantes, Bonito, Brasilândia, Caarapó, Camapuã, Fátima do Sul, Iguatemi, Itaporã, Laguna Caarapã, Nova Andradina e Nova Alvorada do Sul, Pedro Gomes, Ribas do Rio Pardo, Santa Rita do Pardo e Selvíria.
Dia Mundial da Meteorologia – A data homenageia o técnico responsável por analisar e prever as variações climáticas da Terra. A data surgiu em 1961, motivada pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), instituição ligada à Organização das Nações Unidas (ONU). No Brasil, o Dia do Meteorologista ou Dia da Meteorologia é comemorado em 14 de outubro.
Texto: Rosane Amadori
Fotos: Chico Ribeiro