O modo como os peixes são manejados antes e durante o abate pode determinar se o produto final terá qualidade e sabor ou perderá valor comercial. Essa foi a principal mensagem da médica veterinária Chaiana Schaffer Schroder, da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural) de Douradina, durante o 1º Dia de Campo Peixes Nativos, promovido pela Agraer, Senar, Projeto Pacu, Iagro, Sebrae e Semadesc.
Com o tema “A influência do estresse na qualidade final da carne de peixes”, a profissional apresentou aos produtores familiares os fatores que mais afetam o bem-estar animal e, consequentemente, o resultado do pescado. Segundo ela, situações como jejum, aglomeração, emersão, depuração, insensibilização e abate são inevitáveis na piscicultura, mas podem ser controladas para reduzir os impactos negativos.
Pesquisas científicas comprovam que os peixes possuem senciência — ou seja, sentem medo e dor — e isso reflete diretamente na carne. “No momento de estresse e tentativa de fuga durante a despesca, o animal gasta glicose sanguínea, aumentando o ácido lático no músculo. Com isso, o pH da carne fica mais ácido, comprometendo a qualidade”, explicou Chaiana.
Ao longo da palestra, a médica veterinária destacou que o manejo pré-abate influencia na textura, sabor, aparência e durabilidade do pescado, além de afetar sua aceitação no mercado. “O investimento em práticas adequadas e menos estressantes garante um produto visualmente mais atrativo e com carne de melhor qualidade. Isso significa também mais rentabilidade e menos perdas para o produtor”, pontuou.

Entre os benefícios apontados pela extensionista, o resultado econômico é um dos mais evidentes. “O resultado é uma carne de maior apreciação, sabor e textura. Com isso, o consumidor paga com gosto o valor”, afirmou. Segundo ela, o manejo correto amplia o tempo de conservação e reduz o desperdício de filés, graças ao equilíbrio bioquímico mantido no organismo do peixe.
Na avaliação de Chaiana, a piscicultura é uma cadeia em expansão e delicada, com diversas espécies e suas peculiaridades. “É nossa responsabilidade repassar ao produtor os detalhes que farão a diferença”, observou. A médica contou que se preparou intensamente para abordar o tema da melhor forma possível, ciente da importância de levar informações que impactam diretamente o desempenho produtivo. “Mais do que vender peixe, devemos entregar ao consumidor uma experiência de sabor e qualidade”, completou.
Os produtores familiares que participaram do evento destacaram a importância das informações compartilhadas.
“O dia de campo está bem produtivo, bem explicativo. A primeira palestra foi bem esclarecedora. A despesca manual e a questão do estresse do peixe que foi abordada são interessantes para que a gente possa melhorar, tentar diminuir o tempo para não estressar tanto o peixe e não ter tanta perda na qualidade da carne”, avaliou Leandra Vegas Rodrigues, agricultora familiar.
“Praticamente todo o sistema e todo o modelo que estão apresentando eu não conhecia, não tinha esse conhecimento técnico. Está sendo muito bom. Nós estamos no primeiro ano que estamos participando e estamos procurando um pouco mais de conhecimento na área”, contou Clemilton José Fernandes, agricultor familiar.

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Reportagem: Maria Clara Espíndola (sob a supervisão do jornalista Ricardo Campos Jr., da Agraer) e Aline Lira (Agraer)
Fotos: Aline Lira
