Um dia de campo realizado no Assentamento Vera Nilda, em Antônio João, reuniu agricultores indígenas, representantes da Agraer, Funai e técnicos dos municípios de Amambai, Coronel Sapucaia e Aral Moreira. A ação teve como objetivo apresentar um caso de sucesso em agricultura familiar: o lote 85, com 4,5 hectares, pertencente ao agricultor Valdete Franco e sua esposa Rosenilda.
O evento foi idealizado pelas servidoras da Agraer Gildete Ferreira Lima e Rosimeire Taniguchi, agentes criadoras da proposta do dia de campo, participantes da elaboração do roteiro e incentivadoras da ação, cujo protagonismo foi fundamental para a realização da atividade e para a promoção da troca de conhecimentos entre os produtores, valorizando os serviços prestados à sociedade.
Coordenado pela equipe local da Agraer de Antônio João, o encontro promoveu a troca de experiências entre produtores das terras indígenas Amambai, Taquaperi, Guasuti, Ñande Ru Marangatu e Pirakua (parte de Ponta Porã).
Durante a visita técnica, os participantes conheceram um modelo de diversificação produtiva bem-sucedido, que alia sustentabilidade, aproveitamento eficiente dos recursos e integração entre as atividades agrícolas e pecuárias. No lote, as águas pluviais são captadas pelo telhado da residência, armazenadas em uma caixa d’água e direcionadas a um tanque de armazenamento, sendo posteriormente reaproveitadas para a irrigação das estufas de tomate e olerícolas. As plantas espontâneas são utilizadas como pastagem apícola para as abelhas sem ferrão, contribuindo para a manutenção da biodiversidade e da produção de mel.
A produção inclui olericultura em sistema protegido (estufas), com destaque para tomate, pimentão, pepino e uma grande variedade de folhosas, como alface, rúcula e couve. Frutíferas semi-perenes, como banana, mamão e maracujá, também fazem parte do sistema produtivo, assim como árvores frutíferas perenes.
A área conta ainda com tanques escavados que, inicialmente, foram destinados exclusivamente à irrigação. Com o sistema já em funcionamento, a piscicultura foi incorporada posteriormente à cadeia produtiva, ampliando as fontes de alimento e renda da família. “O foco é o consumo da família, mas sempre sobra um pouco para vender”, afirmou Valdete Franco.
A agregação de valor é outro diferencial da propriedade, com o processamento de derivados da cana-de-açúcar, como caldo de cana, rapadura e melado — produtos comercializados na feira local e utilizados na merenda escolar. A apicultura também se destaca, incluindo a produção de mel de abelhas Apis mellifera, com certificação do Serviço de Inspeção Municipal (SIM).
Para o casal, o segredo está na diversidade. “Plantando de tudo um pouco, nunca falta alimento na mesa e ainda conseguimos comercializar o excedente”, relatou Rosenilda.
No período da tarde, os participantes acompanharam uma oficina conduzida pelo zootecnista Emerson Moreira Batista, coordenador da Agraer de Coronel Sapucaia, que apresentou a estrutura da Agraer, o Cadastro da Agricultura Familiar (CAF), a Inscrição Estadual e noções de economia rural, além da participação ativa das servidoras Gildete Ferreira Lima e Rosimeire Taniguchi, idealizadoras do dia de campo.
Em seguida, o engenheiro agrônomo Antônio Carlos Peixoto de Oliveira, coordenador regional da Agraer de Ponta Porã, explicou de forma acessível os principais pontos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), encerrando o evento com uma rodada de perguntas e troca de experiências entre os participantes.
Texto: Aline Lira, Agraer