Campo Grande (MS) – Com acompanhamento da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural), agricultores familiares do assentamento Avaré iniciaram o plantio de vinte e quatro hectares de urucum, distribuídos em doze propriedades.
De acordo com o técnico e coordenador municipal da Agência do Município, Luiz Roberto dos Santos, a ação partiu após o interesse dos agricultores pela cultura do Urucum. “Alguns produtores procuraram o escritório da Agraer de Ribas do Rio Pardo para serem orientados quanto a melhor maneira de iniciar a atividade”.
A Agraer, por sua vez, organizou uma caravana com os produtores e os levou até o município de Nova Alvorada do Sul. “Na cidade houve um encontro de produtores da região, técnicos, compradores da semente e representantes da ‘Urucum do Brasil’, empresa que comercializa o grão. Além disso, foi feita uma visita a lavoura de urucum da agricultora Rosane Talaska, do assentamento Pana”, informou o técnico.
O plantio nos doze hectares ainda contou com a parceria com a Prefeitura de Ribas do Rio Pardo. “Também foi realizada, no assentamento Avaré, uma palestra sobre a cultura do Urucum, abrangendo temas como: variedades da planta com maior teor de bixina, coloração vermelha, época de plantio, tratos culturais, adubação, pragas e doenças comercialização. A capacitação foi ministrada pelo engenheiro agrônomo da Agraer, Rogerio Copeti”, contou Luiz Roberto.
Após o curso, a Agraer ainda orientou o grupo quanto ao manejo da terra. “A segunda etapa foi à coleta de amostra de solo para análise e interpretação das necessidades de calagem e adubação. Os testes foram feitos pelos por profissionais da Agraer de Ribas”.
Com o resultado em mãos, o passo seguinte foi à aquisição do calcário para só então viabilizar as mudas da planta. “A Agraer disponibilizou o caminhão, a prefeitura ofereceu o combustível e o agricultor comprou o corretivo”.
Segundo Luiz Roberto dos Santos, a prefeitura através do Departamento de Fomento a Agricultura ainda deu apoio aos agricultores com maquinário. “Uma patrulha mecanizada foi deslocada para fazer o preparo do solo antes do plantio”, disse ele que, também, destacou a importância dos agricultores em investir no urucum. “Os produtores do Avaré têm como atividade única a bovinocultura mista, leite e corte. Porém, com as pastagens degradadas, o baixo volume de leite e a distância do centro de comercialização fazem com que a renda seja muito baixa e isso os desestimula. Com o cultivo do urucum, além de outras atividades que estão sendo fomentadas, o agricultor tem a oportunidade diversificar a produção, e consequentemente, melhorar a renda familiar”.
O presidente da Associação dos Produtores do Assentamento Avaré, Nicanor Athaíde da Silva, acreditar ser importante essa diversificação. “O plantio de urucum permite que as famílias possam permanecer no lote, sem a necessidade de trabalhar fora da propriedade para complementar a renda”.
Urucum – O cultivo de urucum, planta que também é conhecida popularmente por colorau, traz boas perspectivas para o agricultor familiar, já que a demanda por corantes naturais tem sido cada vez mais crescente e novos produtos que entram no mercado têm aumentado a demanda pelos grãos da planta.
As principais utilizações da cultura são para a produção de colorífico e de corantes para as indústrias alimentícias (doces, sorvetes, laticínios, massas, pães, bebidas, embutidos, óleos e gorduras), as farmacêuticas, as têxteis, de cosméticos, de perfumarias e de tintas. Além da extração de certas substâncias como o lipídeo, geranilgeraniol e tocotrienol ambas utilizadas para fins medicinais.
De acordo com o Centro de Horticultura – Setor Plantas Aromáticas e Medicinais do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), em São Paulo, o mercado de urucum corresponde a 90% do total do consumo de corantes naturais no Brasil e a 70% de corantes naturais no mundo. No País, cerca de 40% da colheita brasileira são utilizadas na extração de bixina (o corante), 50% para a produção de colorífico e 10% para outras aplicações.
“O plantio do urucum é realizado, principalmente, por produtores da agricultura familiar tradicional ou oriundos da reforma agrária em assentamentos nos diversos estados brasileiros”, finalizou o técnico da Agraer.