Campo Grande (MS) – Atualmente, 85% dos alimentos que chegam à mesa dos sul-mato-grossenses são frutos da importação de produtos cultivados em outros estados do País. De olho nesse dado alarmante, a Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural) vem promovendo desde o início de 2015 ações que despertem o pequeno produtor para as reais necessidades do mercado consumidor interno. Na próxima semana, dia 30 de setembro, por exemplo, a Instituição promoverá o I Encontro de Produção e Comercialização da Melancia, das 9h às 11h, no SINTERPA, Av. Rodoviária, 1014 – Jardim Imperial, Campo Grande – MS
O evento será promovido em parceria com a Sepaf (Secretaria de Estado de Produção e Agricultura Familiar) e a gerência da própria Ceasa. “A reunião vem para provocar nos agricultores o interesse de ampliar o cultivo da melancia no Estado. Só para se ter uma dimensão do nosso déficit produtivo de melancia, hoje, só produzimos em torno de um terço daquilo que consumimos, ou seja, 73% do que chega as nossas casas não vem do nosso plantio, mas da importação”, avalia o diretor-presidente da Agraer, Enelvo Felini.
De acordo com boletins da Ceasa, apenas 27% da melancia que é descarregada no local é produzida pela agricultura do Estado. No ranking de estados que mais abastecem Mato Grosso do Sul, a grande fatia de mercado consumidor da fruta fica com São Paulo (27%), Goiás (18%), Tocantins (18%) e Rio Grande do Sul (10%). “Só esses quatro ficam com mais de 60% da praça de fregueses em potencial. Queremos reverter essa realidade, mas para isso é preciso falar com quem já produz uma quantia considerável e, também, com aqueles que tem algum interesse em iniciar nesse segmento produtivo”, afirma Enelvo.
O I Encontro de Produção e Comercialização da Melancia, realizado no SINTERPA, abordará desde o cultivo até a conquista de uma clientela fixa: rede de supermercados, restaurantes, entre outros. Os balanços da Central sobre importação e exportação de alimentos no Estado deverão ser apresentados aos participantes. “Vamos falar, basicamente, da demanda regional. Hoje, a melancia representa uma opção de ganho econômico e oferta, principalmente, de agosto a novembro, quando o produto fica escasso pela alta no consumo. Nesse período, o preço obtido pode cobrir os custos de produção e, inclusive, com a irrigação”, explica o diretor-presidente.
As geadas na região Sul no decorrer da estação mais fria do ano, a transição climática do inverno para a primavera e, por fim, a chegada do verão, com o início das férias e o aumento no consumo de alimentos tropicais, são alguns dos fatores que ocasionam a maior comercialização da melancia e, consequentemente, a valorização de preço do fruto durante os cinco últimos meses do calendário.
Em 2014, por exemplo, Mato Grosso do Sul importou quase 3,5 mil toneladas de melancia nos 12 meses. A ideia, agora, segundo Enelvo, é mudar esse valor gradativamente. “De agosto a novembro temos a fase de entressafra, quanto a demanda é maior que a oferta. Isso porque em algumas regiões passam por um inverno mais rigoroso, como é a o caso do sul do País. A palestra vem para expandir a visão do agricultor para que ele saiba aproveitar esses espaços”, conclui.
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