A programação do segundo dia do 8º Seminário Estadual da Guavira, realizada no Centro de Pesquisa e Capacitação da Agraer (Cepaer), foi concluída com êxito em um dia de campo nesta sexta-feira. A última etapa do evento proporcionou aos participantes uma imersão em técnicas de plantio e cultivo, projetos de pesquisa, oficinas práticas e cursos relacionados aos diversos usos dessa fruta típica do Cerrado.
Bastante entusiasmo marcou a participação do público, que, por meio da pesquisa e da troca de conhecimentos práticos, consolidou o evento como referência na produção da guavira em Mato Grosso do Sul. Dividida em estações temáticas e oficinas com minicursos, a programação da manhã reuniu centenas de participantes para uma experiência aprofundada sobre a fruta.
Conforme destacou a professora Maria do Carmo Vieira, da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), a planta tem sido explorada de forma indiscriminada em seu hábitat, o que, somado às queimadas e ao desmatamento, a coloca em risco de extinção. Ela foi uma das responsáveis pela primeira estação, intitulada “Guavira – uso medicinal e associação com adubos verdes”.
Durante a estação, ministrada em conjunto com a professora Silvia Cristina Heredia, da Uniderp, as pesquisadoras apresentaram as propriedades alimentícias da guavira, demonstraram possibilidades de uso e incentivaram seu cultivo aliado ao emprego de adubos verdes.
Elas também alertaram para a exploração da planta em áreas nativas, já que o fruto é fonte de renda para pequenos produtores. “Se for explorada em ambientes naturais, que seja colhida de forma a não depredar as plantas, garantindo produção para os anos seguintes”. O uso medicinal foi igualmente abordado, com orientações sobre a preparação de chás e decoctos, sempre destacando o consumo adequado.
Ficou sob responsabilidade da gerente de pesquisa agropecuária da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural), Ana Cristina Ajalla, e do engenheiro agrônomo Antônio Neto, a condução da segunda estação. Os pesquisadores apresentaram técnicas para a produção de mudas de guavira, prática capaz de gerar novas oportunidades de renda e diversificação para pequenos produtores.
Guiado pelo pesquisador Edimilson Volpe, da Agraer, o tema da terceira estação contemplou o cultivo da guavira, desde o plantio até a colheita. Ele lembrou que o consumo da fruta atravessa séculos e era tradicionalmente realizado diretamente nos campos. “Colher guavira era um passeio muito concorrido e comum até poucas décadas atrás”. Durante a oficina, os participantes visitaram um guaviral e aprenderam sobre a viabilidade da fruta, formas de proteger o cultivo contra pássaros e técnicas de poda.
Houve ainda a última estação do dia de campo, que trouxe informações sobre os insetos associados à cultura, incluindo pragas e espécies benéficas, como abelhas e predadores naturais. A pesquisadora Antônia Railda Roel, do Hympar (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia dos Hymenoptera Parasitóides), destacou a importância de proteger a guavira para valorizá-la como recurso local e fomentar o desenvolvimento da produção comercial.
Iniciando o período da tarde, após o encerramento das estações, tiveram início as oficinas imersivas com foco em novas possibilidades de uso da guavira. O biólogo Rodrigo Borghezan apresentou técnicas de beneficiamento da fruta com tecnologia social de baixo custo, visando a produção de polpa de alta qualidade. Ele abordou boas práticas de fabricação, manejo de equipamentos e procedimentos para maior eficiência e valor agregado ao produto final.
Juntamente com isso, o biólogo reforçou a importância da preservação e do cultivo responsável da espécie. “Frutíferas como a guavira dependem da manutenção da vegetação nativa para continuar existindo. Ao mesmo tempo, esses frutos sustentam cadeias produtivas que geram renda para extrativistas, agricultores familiares e comunidades tradicionais”.
Logo depois, a segunda oficina apresentou a guavira como destaque gastronômico. A professora Raquel Pires, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), demonstrou a preparação de geleia da polpa e pão de queijo feito com especiaria extraída da casca. “Mostramos também produtos com outros frutos do Cerrado para despertar novas possibilidades”. Segundo ela, a guavira é fonte de saúde, oferecendo fibras solúveis e insolúveis, vitaminas, minerais e substâncias antioxidantes.
Mais tarde, a coordenadora de pesquisa da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), Claudia Andrea Lima, conduziu a última oficina do dia de campo, destacando a importância da fruta para a produção de alimentos e cosméticos. “Elaboramos produtos não só com o fruto, mas também com as folhas e outras partes que, embora abundantes, são pouco utilizadas”. Pesquisadora da área há 20 anos, ela observou que a guavira tem motivado produtores e empreendedores na criação de novos produtos.
Na conclusão do 8º Seminário Estadual da Guavira, o evento reforçou o espaço de diálogo e incentivo ao uso sustentável da fruta, ressaltando a importância da valorização dos produtos locais que geram renda para a agricultura familiar e impulsionam o desenvolvimento regional. O encontro representa mais um passo no compromisso do Estado com a preservação e o uso consciente da fruta símbolo de Mato Grosso do Sul.
Por fim, a Agraer reafirma sua presença em todo o Mato Grosso do Sul, ao lado de quem faz o campo acontecer. O compromisso é fortalecer a produção sustentável, unindo conhecimento, tecnologia e tradição para que cada propriedade cresça com equilíbrio e rentabilidade. Quem deseja aprimorar ou agregar valor à produção, ou avançar na agroindústria, pode procurar o escritório mais próximo. A instituição está pronta para transformar desafios em oportunidades e ideias em resultados.
Texto: Maria Clara Espíndola (sob a supervisão do jornalista da Agraer Ricardo Campos Jr.)
Fotos: Felipe das Neves, Cepaer












