Agricultores familiares ainda têm pouco mais de um mês para solicitar frete grátis de calcário pelo Pro Fertiliza MS. Até agora foram transportados apenas 30% da quantidade total de fertilizante prevista. Para quem ainda está em dúvida se vale a pena acessar a política pública, o engenheiro agrônomo coordenador de campo do Cepaer (Centro de Pesquisa e Capacitação da Agraer) aponta três boas razões para usar o insumo na correção do solo.
1º – Solo menos ácido
Uma das características do cerrado tem acidez elevada. Esta característica é extremamente prejudicial para a maior parte das plantas cultivadas porque reduz a disponibilidade de uma série de nutrientes essenciais para os vegetais. Nessas condições, o alumínio, principal responsável pela redução no pH, é o elemento mais tóxico, pois interfere na absorção dos nutrientes, consequentemente afetando negativamente a produção agrícola.
“Na presença de alumínio, o fósforo será parcialmente absorvido pelas plantas. O restante, ou pelo menos boa parte, assume a forma precipitada de fosfato de alumínio insolúvel. Essa inibição faz com que haja deficiências nas lavouras, logo reduzindo consideravelmente a produção de grãos e frutos”, explica Antonino.
O calcário, por sua vez, neutraliza os íons de hidrogênio positivos presentes no solo (responsáveis pela acidez do mesmo) elevando o pH, e neutralizando o alumínio.
2º – Fornecimento de nutrientes
Conforme o engenheiro agrônomo, o calcário fornece cálcio e magnésio que “são macronutrientes essenciais para o desenvolvimento das plantas”. Enquanto o primeiro mantém a integridade funcional e estrutural das membranas e paredes das células, o segundo é a principal substância na composição da clorofila, fundamental na fotossíntese e em outros processos fisiológicos.
Porém, ambos os produtos precisam estar em equilíbrio para não prejudicarem a ação um do outro. É por isso que Antonino ressalta a importância de colher amostras de solo e fazer análises laboratoriais (serviço prestado pela assistência da Agraer gratuitamente), de modo a calcular as quantidades exatas de aplicação.
“É por isso que, embora traga benefícios, o calcário não deve ser usado de forma indiscriminada. Quando ele está em falta, nós podemos adicionar, mas quando está em excesso, não há como removê-lo. Daí a importância em procurar um dos escritórios da Agência, presente em todos os municípios”, explica Antonino.
3º – Faz o dinheiro valer a pena
Para se obter uma boa produção, é necessário muitas vezes investir em fertilizantes químicos, o NPK (Nitrogênio, Fósforo e Potássio) é um dos mais conhecidos. Porém, em um solo sem correção por calcário, essas substâncias químicas, ao invés de disponibilizadas para as plantas, serão retidas pelo solo.
“Dimensionando em uma escala de porcentagem, aproximadamente 70% dos nutrientes serão mantidos no solo. Exemplificando mais: a cada R$ 100 investidos em fertilizantes, somente R$ 30 serão efetivos para a lavoura e o restante estará indisponível para a planta absorver. Isso corresponde a um dano irreversível para o ciclo da cultura, refletindo negativamente na colheita, com menos produção e receita para os agricultores”, comenta o engenheiro agrônomo.
O fim se aproxima
Escritórios da Agraer receberão pedidos de transporte de calcário até o dia 31 de agosto. Como o programa tem uma série de regras e exigências, é necessário que o agricultor familiar interessado procure o escritório mais próximo e converse com um extensionista.
No processo de correção do solo, o frete é a parte mais cara. Daí a vantagem de acessar os benefícios da iniciativa do poder público. Angélica, Chapadão do Sul e Bataguassu, até o momento, foram os únicos a atingir o limite de entregas. Outros cinco municípios (Itaporã, Rio Brilhante, Vicentina, Mundo Novo e Ponta Porã) cumpriram mais de 70% da meta.
Guia Lopes da Laguna, Porto Murtinho, Douradina, Coronel Sapucaia, Camapuã, Figueirão, Paraíso das Águas, Água Clara, Aparecida do Taboado, Cassilândia, Inocência e Caracol não foram contempladas pelo Pro Fertiliza.
Texto e fotos: Ricardo Campos Jr. – Comunicação da Agraer
Vídeo: Fládima Christofari – Comunicação da Agraer