Campo Grande (MS) – Com o objetivo de evitar transtornos com quedas de árvores em decorrência de tempestades, com ventos fortes e muita chuva, que ocasionalmente incidem no Hospital São Julião, região norte da Capital, é que a Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural) está com uma parceria com a unidade hospitalar em uma série de ações, em especial na poda ou desbaste, remoção de árvores.
“Buscamos o suporte técnico da Agraer porque há uns meses tivemos árvores que caíram no nosso depósito de lixo. Felizmente, foi apenas lá e não havia ninguém nas imediações, mas o prédio ficou todo destruído e nesse mesmo dia, ainda, houve a queda de mais quatro árvores fora do complexo hospitalar, sendo todas árvores de grande porte”, contou o diretor-executivo do Hospital, Amilton Alvarenga, sobre os motivos que levaram a parceria.
A ação incluiu a palestra “Inventário Poda e Desbastes de Florestas Plantadas”, ministrada pelo engenheiro agrônomo da Agraer, Francisco Marcondes que explicou o viés das atividades dentro das dependências do hospital. “A intenção é evitar riscos para moradores, profissionais, pacientes e visitantes do local, ou seja, que árvores caiam em carros, escritórios e residências.Já houve queda de árvore por lá e a direção quer evitar riscos sem prejudicar a parte ambiental, sem tirar a beleza cênica do São Julião”.
Fundado na década de 40, o São Julião conta com árvores que não estão muito longe de se tornarem centenárias. “Lá tem árvores de 50, 60, 70 anos e nosso trabalho é justamente olhar as condições dessas plantas. É preciso lembrar que todo o trabalho está sendo feito com a autorização, acompanhamento da Semadur [Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana] . Seguindo as exigências da diretoria do hospital, então, o que pudermos preservar, vamos preservar, e se der para fazer a poda e deixar a árvore é o que faremos”, disse Marcondes.
O curso com aula teórica e prática mobilizou 12 funcionários do hospital. “São funcionários da área de jardinagem e floresta do São Julião. Pessoas que diariamente trabalham com tratores, grades. Tudo para que o local esteja bonito e em condições para o bom atendimento dos pacientes”, informou o diretor-executivo do Hospital, Amilton Alvarenga.
É a parceria entre Agraer e São Julião está indo além. É porque existem outros trabalhos acontecendo no hospital, são eles: a recuperação de solo, calcareamento, cultivo de milho para preparo de silagem (alimento para o gado de leite), e plantio de árvores em área de pastagem.
“Estamos com um processo de plantio de espécies nativas e exóticas na área de integração pecuária e floresta, silvipastoril. O hospital conta com rebanho bovino para produção de leite que é servido nas refeições hospitalares. Na área de pastagem, estamos fazendo plantio de espécies como cedro rosa, ipês amarelo, roxo, branco e rosa, mogno africano, baru e bálsamo. A ideia é que o gado tenha boas condições de sombreamento e pastagem”, detalhou Marcondes.
“Nós somos um hospital filantrópico, com 92% de financiamento do SUS [Sistema Único de Saúde], logo não temos muita margem para investimento dessa ordem na parte de jardinagem, por isso a parceria com a Agraer foi essencial para o andamento deste trabalho”, garantiu Amilton que ainda reforça a importância da ação, “O São Julião tem cerca de 30 hectares em complexo hospitalar e 150 hectares ou um pouco mais em fazenda e, isso causa certo desafio na manutenção. É uma área que precisa ser cuidada, temos a preocupação da preservação ambiental, o nosso bosque conta, hoje, com um mais de mil árvores”.
Tanta mobilização já completa dois meses de trabalho. Duas cargas de calcário, um total de 30 toneladas, já foram descarregadas na propriedade, e o próximo passo é uma reunião com o Comando Militar do Oeste (CMO), em Campo Grande, para ver se as forças armadas emprestam equipamentos para corte e poda das árvores.
“Em 15 hectares de terras já estamos com plantio de milho para silagem que será usada na alimentação do gado de leite. O governo do Estado deu uma contrapartida nos custos do combustível e diária de motorista para o transporte do calcário, enquanto que o insumo a gente conseguiu através de uma doação da empresa Calbon, município de Miranda”, contou.
Os trabalhos também irão avaliar se a área de bosque do São Julião necessitará ou não de replantio de árvores. “Foi diagnosticada a necessidade de poda de 16 árvores e a remoção de outras 86. É um local com arborização em grande escala, então é possível que não tenha a necessidade de replantio. Mas, isso ainda será avaliado entre nós da Agraer, a diretoria do São Julião e a Semadur”, pontuou o engenheiro agrônomo.
Outro grande benefício da aliança entre as duas instituições está no trabalho de regularização fundiária. “Isto foi secundário. A conversa inicial foi para o suporte técnico da Agraer com as árvores, mas surgiu esta possibilidade de parceria junto à instituição. Desde a fundação do hospital houve uma mudança no tamanho da propriedade, teve invasão de terras e o que existe na escritura não representa mais a realidade. As proporções diminuíram um pouco, não temos interesse nenhum de retomada, mas de atualizar, oficializar os dados, o que nos permite um planejamento melhor e uma tranquilidade jurídica”, observou o diretor-executivo do Hospital.
Aline Lira – Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer)
Fotos: Agraer