Campo Grande (MS) – Entre risos tímidos e lágrimas o agricultor familiar Ibipiano Manoel de Souza, do assentamento Santa Rita do Pardo, comunidade agrícola que leva o mesmo nome da cidade, é um exemplo claro do quanto à escritura de um sítio é importante para dar segurança aos pequenos produtores investirem na terra que traz o sustento da própria família e o desenvolvimento local.
Na última sexta-feira (21), o agricultor de 81 anos recebeu da mão do governador Reinaldo Azambuja o título de suas terras, 30 hectares. O documento é aguardado há 26 anos desde que a comunidade agrícola foi fundada no município de Santa Rita do Pardo. “Isso a gente esperava há muito tempo e chegou numa hora muito e agradeço de coração ao governador que tem feito esse acompanhamento a nosso favor”.
Há décadas separados da primeira esposa, Ibipiano criou os oito filhos sozinho graças ao amor pela família e ao trabalho dedicado a agricultura familiar. “Fui pai e mãe dos meus filhos e tudo o que fiz foi com o trabalho na terra”, contou.
Entre a aspereza das mãos de quem dedicou a vida toda ao trabalho no campo que exige muito tempo e esforço físico, o agricultor segurava com orgulho o documento que certifica o seu direito a terra e os olhos marejados não escondia a alegria. “Eu até chorei de emoção. A gente estava há muito tempo esperando por isso e, agora, vamos poder fazer benfeitoria no que é nosso. Só falta ir ao cartório para registrar tudo”, afirma com sorriso largo.
Com a simplicidade de gente do campo, a agricultora Maria José de Aquino afirma que o documento faz a diferença no acesso a empréstimos, por exemplo. “Vou poder acessar outros financiamentos do Pronaf [Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar], com o dinheiro vou poder trocar o cercado do lote, essas coisas. Há muitos anos acessei o Pronaf, mas sem o título já não tinha como”, afirmou.
A previsão é que mais famílias agrícolas sejam assistidas. Segundo o diretor-presidente da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural), Enelvo Felini, há cerca de 674 títulos para serem liberados em todo o Mato Grosso do Sul. “O assentamento São Tomé daqui mesmo do município de Santa Rita do Pardo é um que será atendido. Acredito que dentre uns 50 dias a gente consiga emitir os títulos. A Agraer vem com um forte trabalho para ajuda as famílias a resolver esse problema tão antigo que atravanca a produção”, disse.
Fora a força tarefa para titularização de lotes em assentamentos, o governo do Estado vem investindo também em insumos agrícolas. Ao final da gestão a estimativa é de que sejam repassados 2 mil equipamentos a população rural sendo que boa parte já foi encaminhada. “Estamos comprando mil equipamentos para a agricultura familiar que serão distribuídos para atender os nossos agricultores familiares”, garantiu o governador Reinaldo Azambuja.
“Não dá para ter um assentamento de 26 anos sem o título definitivo. Com esse documento o agricultor pode fazer empréstimo, negociar e ampliar o trabalho. Aqui, titulamos 47 famílias para auxiliar as atividades dentro da propriedade e atestar a segurança de que cada agricultor é de fato dono do seu lote”, pontuou Azambuja.
Após a solenidade de entrega simbólica de cinco títulos, uma equipe de regularização fundiária e cartografia da Agraer montou atendimento para fazer o repasse dos outros 42 documentos.
Residente no assentamento desde a sua fundação, o agricultor Eliezeu Oliveira foi um dos primeiros a fazer questão de pegar o título definitivo da terra. “É uma grande vantagem, não sei nem o que falar. É uma emoção muito grande pelo tempo de espera e porque é um sonho mesmo”.
Texto e fotos: Aline Lira – Assessoria de Comunicação da Agraer