Campo Grande (MS) – Dentro do quadro de oficinas da 3ª edição da Tecnofam – Tecnologias e Conhecimento para Agricultura Familiar, no município de Dourados, a Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural) tem atuação na linha de fruticultura, com o tema “Enxertia de mudas de frutíferas e outros métodos de propagação de plantas”, e do setor leiteiro com “Boas práticas de manejo na produção de leite”.
As oficinas estão sendo executadas desde terça-feira (16) sempre das 13h às 16h30. O encerramento das capacitações acontece na tarde de hoje (19).
Manga, goiaba, jabuticaba, limão, laranja, polca, mamão e uva são algumas das frutas escolhidas para serem abordadas junto aos agricultores familiares. “O enxerto é a técnica que consiste em usar duas variedades da mesma espécie na produção de uma muda, o enxerto (cavaleiro/garfo) e o porta-enxerto (cavalo)”, o técnico da Agraer de Ivinnhema, Valdeci da Silva.
Durante o curso os produtores têm contato com as mudas enxertadas assim como as que não passarão pelo processo. Um passo a passo é mostrado ao público que pode aproveitar o momento para tirar dúvidas.
“Sempre tem uma coisa ou outra que a gente não sabe. É sempre bom participar para aprender algo novo. No meu sítio, tenho um pomar mais para consumo da família mesmo, compostagem dos restos de alimentos e, às vezes, a gente usa na alimentação dos animais também. Ter um pomar saudável ajuda muito”, diz o agricultor familiar Sebastião Vieira.
“Aqui a gente ensina as técnicas de enxertia ‘inglês simples’ e ‘fenda cheia’. A primeira recomendada para citrus – limão, laranja, polkã, já a outra é para uva e manga. Também explicamos sobre o cultivo de plantas a partir de sementes e pela clonagem, que é pegar uma parte da planta para ter outra”, diz a técnica da Agraer de Ivinhema,Teonília da Silva.
A partir dessas técnicas obtêm-se plantas mais resistentes a pragas e doenças, frutas mais saborosas. “Às vezes, o produtor quer fazer uma muda de limão e não sabe como? A gente faz e o ensina a utilizar as técnicas. Na Agraer de Ivinhema, estamos sempre à disposição para tirar dúvidas. Já estivemos em outros municípios dando curso também”, enfatiza a técnica agrícola.
Leite
Poder de decisão e escolha de técnicas simples desde a alimentação do rebanho até a negociação com os laticínios ou a implantação de uma agroindústria. Medidas essas que podem agregar valor ao leite e seus derivados. Esses foram alguns dos pontos observados pelo engenheiro agrônomo da Agraer de Vicentina, Paulo Lobo.
“Ter uma visão macro e micro da produção de leite faz a diferença na propriedade. O associativismo é outro ponto que dentro de um assentamento também deve ser levado em conta. Há uma constante queixa dos pequenos produtores sobre o preço do leite que está baixo. Uma alternativa a se pensar é o trabalho coletivo que oferece maior poder de negociação frente aos laticínios”, destaca.
Força essa que o produtor Carlos Viana, da cidade de Andradina, interior de São Paulo, garante existir em algumas comunidades do estado vizinho. “Os laticínios ficam loucos quando uma cooperativa ou associação não aceita o preço estabelecido e propõe uma negociação. E como a venda não é individual, o laticínio tem que ser mais tolerante na hora de dizer o preço porque ele não quer atrasar a sua produção. Claro que não é tão simples montar um grupo, a gente sabe que tem produtor que pode dar dor de cabeça. Só que se planejar bem tem como o trabalho seguir”, diz.
Durante o encontro, Paulo Lobo levanta vários questionamentos, ouve as respostas dos participantes e procura soluções em conjunto. “O preço do leite oscila. Como toda atividade o produtor está à mercê dessas variações. Mas, o que o produtor pode fazer para evitar instabilidades? Não seria a hora de montar uma agroindústria de queijo artesanal ou de outro tipo de derivado de leite?”, questiona.
Casos de sucesso como a Cooperativa de Leite de Dois Irmãos do Buriti – Cooperdib, que chega a produzir diariamente de 15 a 25 mil litros de leite, ou a Asplan – Associação dos Produtores de Leite do Assentamento Auxiliadora, da cidade de Iguatemi, que tem uma produção entre 25 a 30 mil litros de leite/dia. “Sabe-se que mexer com leite não é uma atividade muito fácil. Porém, é possível conseguir bons resultados e a Agraer vem mostrar isso e ouvir estes produtores que nos procuram”, finaliza.
Evento – De caráter bienal, a Tecnofam é realizada de 17 a 19 de abril pela Embrapa, em parceria com o Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, por meio da Agraer, Semagro e Fundo para o Desenvolvimento das Culturas de Milho e Soja (Fundems). O evento ainda conta com outras instituições públicas e privadas ligadas ao setor produtivo.
Texto: Aline Lira/ Foto: Néia Maceno – Assessoria de Comunicação da Agraer