Campo Grande (MS) – Mato Grosso do Sul pode saltar do 9º para o 1º lugar do ranking nacional de produção de peixes com a autorização pela União para instalar tanques-rede nos lagos das usinas hidrelétricas de Jupiá e Ilha Solteira, no rio Paraná. Graças à articulação governo do Estado, por intermédio da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar ( Semagro), o Ministério da Agricultura licitou a concessão de autorização do uso de espaço físico em águas de domínio da União, num processo de rápida tramitação.
“O Ministério da Agricultura fez um trabalho relevante, de forma ágil e transparente, e conseguiu colocar Mato Grosso do Sul no destaque da piscicultura nacional”, comemorou o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, Jaime Verruck. Quando o ministro Blairo Maggi esteve em Campo Grande, no dia 3 de abril, o governador Reinaldo Azambuja e o secretário Jaime Verruck reforçaram a importância e urgência da outorga. O ministro prometeu pressa e cumpriu. A concorrência foi autorizada e os envelopes com as propostas abertos na manhã desta quinta-feira (11), resultando vencedoras as empresas Tilabras e GeneSeas.
Essas empresas vão instalar 554 hectares de tanques-rede para criar tilápias nos lagos das duas usinas entre os municípios de Aparecida do Taboado e Três Lagoas, com capacidade para produzir até 120 mil toneladas ao ano. Para tanto, vão pagar outorga de R$ 2.14 milhões pelo direito de uso dos lagos por 20 anos. A GeneSeas é especialista em aquacultura e líder no mercado brasileiro e possui frigorífico instalado em Aparecida do Taboado com capacidade para abate de 20 mil toneladas/ano. A Tilabrás está em fase de implantação do maior frigorífico de tilápia do mundo em Selvíria, com investimento de R$ 150 milhões.
O ranking
O entusiasmo do governo com a outorga das águas do Paraná se justificam pela quantidade de peixe que será possível tirar desses tanques-rede. O Paraná, atual campeão brasileiro de piscicultura, produziu 93.600 toneladas no ano passado, segundo dados do Anuário Brasileiro de Piscicultura elaborado pela Associação Brasileira de Piscicultura. Mato Grosso do Sul – segundo o mesmo Anuário – figurava na nona posição com 24.150 toneladas/ano de pescado e pode saltar para a primeira posição já no próximo ano. “Esses projetos redefinem o patamar da piscicultura no Estado”, pontuou Jaime Verruck.
“É um fato extremamente importante”, completou o secretário. “Essas empresas nós trouxemos ao Estado atraídas pelo programa de incentivos fiscais. Nosso foco, agora, é o encadeamento produtivo da piscicultura. Vamos buscar integrar os produtores da região e também de outras regiões do Estado.” O superintendente do Ministério da Agricultura no Estado, Celso Martins, disse que já há outros sete projetos parecidos para a mesma região e a perspectiva é que a piscicultura ganhe impulso e se torne um novo carro-chefe da economia estadual. “Junto com esses projetos vem o produtor de ração, o frete, os entrepostos. São milhares de empregos diretos e indiretos e um aumento considerável na renda.”
Tanque-rede
Os tanques-rede são estruturas instaladas no leito dos rios ou lagos, como é o caso da concorrência em questão nos lagos de Ilha Solteira e Jupiá. O produtor utiliza as águas do rio para criar os peixes, o que facilita a adaptação das espécies e resulta em maior produtividade. É um sistema muito utilizado no mundo todo e crescente no Brasil e que se constitui em uma prática ambiental mais vantajosa, pois impede que se construam enormes espelhos d’água para a criação de peixes, utilizando as já disponíveis na natureza.
Texto: João Prestes – Assessoria de Comunicação do Imasul/ Foto da capa: Dinheiro Rural