Campo Grande (MS) – A primavera ainda não chegou, mas quem passar pelo estande da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural), na 18ª Expo Sidrolândia, poderá jurar que ela resolveu se antecipar este ano ao ver as variedades de rosas do deserto, nome científico Adenium obesum. As plantas estão sendo expostas pelo produtor Edemir Sarati.
Atrás de uma bancada florida e de muito verde, Sarati conta como a paixão surgiu pela espécie de planta de caule rústico que atrai os olhares de crianças e adultos. “Minha mulher gosta de plantas e achou interessante a rosa do deserto. Foi pesquisar sobre e viu que era um mercado promissor”, diz.
A rosa do deserto é uma planta que desperta encanto ou curiosidade nas pessoas de um modo em geral, da mesma forma que orquídeas, bonsais, carnívoras e bromélias.
Ao contrário de outras espécies de plantar ornamentais, a rosa do deserto ainda é pouco difundida no Mato Grosso do Sul, o que aguça os olhares de curiosos e aficionados por plantas. “Em outros Estados o mercado é maior. Aqui ainda está no início em vista de outras regiões”, compara.
Pelo Brasil, em especial na região Sudeste, há colecionadores dedicados a esta fantástica espécie. Passeando pelo estande da Agraer, a agricultora familiar Lourdes Maria Ojeda, do assentamento Canaã, município de Rochedo, foi uma das pessoas que resolveu tirar um minuto do seu tempo para apreciar e comprar um exemplar. “Eu já conhecia, pois gosto de plantas. Tenho muita orquídea em casa e meu marido reclama. Mas, em breve, vou montar meu orquidário”, diz a mulher em tom de brincadeira. “Vou levar uma muda, porque o preço da grande está salgado pra mim”, alega.
Na bancada de Sarati, as mudas são comercializadas a R$ 25,00 e as plantas no estilo bonzai, ou seja, “árvores em miniatura” variam de R$ 45 a 120,00.
Contudo, o preço dito “salgado” pela agricultora Lourdes tem uma explicação lógica, conforme alega Edimir Sarati. “É uma planta de fácil cultivo, pois não expira muitos cuidados. Porém, ela demora três anos para atingir a fase adulta. Tenho um exemplar aqui que cultivo há 11 anos”, diz com orgulho o produtor enquanto aponta para o vaso que é o seu xodó.
Se o crescimento é lento, o aparecimento de flores nem tanto. As florações podem ser obtidas em plantas jovens, com apenas 15 cm de altura. O florescimento ocorre na primavera, com possibilidade de sucessivas florações no verão e outono. As flores são tubulares, simples, com cinco pétalas. A planta só não resiste a um frio abaixo de 10ºC.
As cores são variadas, indo do branco ao vinho escuro, passando por diferentes tons de rosa e vermelho. “Algumas chegam a um roxo quase preto. Tenho uma infinidade de cores no meu sítio, mas ainda não consegui essa quase negra”, diz o produtor.
Muitas variedades apresentam uma combinação de cores com degrades do centro em direção as pontas das pétalas. Há ainda variedades de flores dobradas, triplas, quádruplas e quíntuplas. “Quanto mais exóticas as combinações de cores e a quantidades de pétalas mais valor no mercado. Algumas chegam a custar tanto quanto um bonsai ou orquídea”, justifica.
O nome “Rosa do Deserto” vem pelas características da espécie. “É uma planta que se dá bem com o calor e exige pouca água. A Rosa do Deserto é natural do Oriente Médio e África, e se adaptou bem ao clima quente do Brasil. Ela deve ser regada com pouca água, pois o vaso não pode reter água”.
No nome científico, obesum faz referência justamente ao caule de formato rechonchudo, como uma batata, cujo formato é exatamente para armazenar água, visto que em seu habitat natural é um recurso escasso.
E quando se fala em baixo consumo de água é baixo mesmo. “O ideal é um vaso com furos embaixo. Recomendo regar uma vez no dia, no período da tarde ou noite. Uns 200 ml de água é o suficiente para ela”.
“Também recomendo deixá-la em um local com exposição direta ao sol. E só trocar de lugar caso as folhas começarem a amarelar, pois é sinal que o sol está em excesso. Do contrário não tem com o que se preocupar. A planta gosta de sol. Basta um bom vaso e o substrato adequado”, detalha.
Além da grande beleza e simplicidade no trato, a espécie ainda permite enxertia, o que é bastante interessante para se produzir em uma mesma planta flores de cores diferentes. “O meu sítio em Rio Brilhante virou um grande jardim. Eu e minha esposa dedicamos uma parte do nosso tempo para cuidar das plantas”, conclui.
Texto e fotos: Aline Lira