Campo Grande (MS) – O Projeto Protagonistas desta História coloca os jovens da Furnas do Dionísio como guardiães das tradições, dos costumes e de todo legado cultural daquela localidade do município de Jaraguari, reconhecida como comunidade quilombola e com uma história riquíssima e que precisa ser divulgada e preservada. O projeto é apoiado pela Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar) com recursos do Funles (Fundo de Defesa e Reparação de Interesses Difusos e Lesados) no valor de R$ 280.044,00, sendo R$ 19 mil a contrapartida da entidade executora, a IBISS/CO.
A ação é abrangente e prevê atividades ao longo de dois anos com 20 meninos e meninas na faixa etária entre 10 e 17 anos. Começa com o resgate da história da localidade em oito oficinas temáticas com quatro horas de aula cada, divididas nos seguintes temas: historiografias e suas formas de registro, pesquisa, ação, construção de questionário, treinamento e teste do questionário, e planejamento das entrevistas. São os meninos e as meninas que, após o treinamento das oficinas, farão o levantamento das manifestações tradicionais da dança, da música e da culinária típicas da comunidade.
Caderno
Todo o trabalho de resgate da história e de traços culturais da comunidade será materializado em um Caderno Cultural Virtual da Comunidade Furnas do Dionísio, e a divulgação nas redes sociais e na imprensa. A ideia do projeto é empoderar e valorizar a memória, oralidade e o protagonismo, resgatar a história e a cultura afro-brasileira da comunidade.
A entidade propositora do projeto argumenta que, durante quatro anos, desenvolveu atividades naquela localidade e foi possível perceber que muitas práticas culturais ligadas à música e dança estavam caindo no esquecimento. Os moradores mais antigos entendem que a perda dessa manifestação cultural é resultado do pouco interesse demonstrado pelas novas gerações, daí a importância do Projeto Protagonistas da História.
Furnas
A Comunidade Quilombola Furnas do Dionísio foi fundada em 1901, por Dionísio Antônio Vieira, ex-escravo oriundo de Minas Gerais. Em 2002 foi considerada comunidade remanescente de quilombos e atualmente é a mais populosa desse gênero no Estado, com 89 famílias e aproximadamente 230 habitantes. Vivem em chácaras numa área de 580 hectares e produzem delícias da agricultura familiar como rapadura, açúcar mascavo, melado, farinha de mandioca, doces e compotas de frutas.
O Funles
O Funles patrocina projetos em cinco eixos de investimentos: Meio Ambiente; Consumidor, a Ordem Econômica e a Livre Concorrência; Aos Direitos de Grupos Raciais, Étnicos ou Religiosos; Bens e Direitos de Valor Artístico, Histórico, Estético, Turístico e Paisagístico; Patrimônio Público e Social e Outros Interesses Difusos.
As receitas que compõem o Fundo são provenientes de indenizações decorrentes de condenações judiciais por danos causados a bens e direitos, multas judiciárias, indenizações e compensações previstas em acordos coletivos, inclusive termo de ajustamento de conduta, bem como multas por descumprimento desses acordos. O Fundo também pode receber contribuições e doações de pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras. Qualquer entidade, organismos oficiais e instituições de pesquisa podem apresentar projetos pleiteando recursos do fundo.
Texto: João Prestes/Fotos: Kelly Ventorim – Assessoria de Comunicação da Agraer