A produção de leite com qualidade envolve uma série de boas práticas que garantem a excelência da matéria-prima vendida aos laticínios. Foi pensando em avaliar o quanto essas medidas estão presentes no dia a dia das propriedades que pesquisadores do Centro de Pesquisa e Capacitação da Agraer (Cepaer) estão conduzindo um estudo de mapeamento e avaliação dessas condutas.
“Farão parte do projeto 50 agricultores familiares que entregam seu produto em resfriadores comunitários. Foi realizado um sorteio e, a princípio, entram produtores de leite de Campo Grande, Jaraguari, Sidrolândia, Terenos e Corguinho”, explica o zootecnista Vitor Corrêa de Oliveira, doutor em Ciência Animal e coordenador do projeto.
Segundo ele, inicialmente serão feitas reuniões de sensibilização dos participantes. Em seguida, há um cronograma de visitas a cada uma dessas propriedades.
“A nossa ideia é entrevistar menos e observar mais, passar um dia inteiro observando quais os procedimentos adotados e como eles são adotados. Essas boas práticas foram estabelecidas pelo Ministério da Pecuária e Abastecimento (MAPA) em 2018, quando foi lançada uma Instrução Normativa com um guia de elaboração. A lista tem 16 itens ao todo que têm que ser observados. Sabemos que leva tempo para tudo isso virar realidade porque a lista engloba muita coisa, inclusive aspectos gerenciais e ambientais”, diz Vítor.
Em seguida, ainda como parte da pesquisa, serão coletadas amostras do leite para análise. Algumas serão feitas nos laboratórios do próprio Cepaer, como as que medem as propriedades físico-químicas do produto.
“Já as análises microbiológicas serão feitas em um laboratório terceirizado, como contagem de células somáticas e contatem de bactérias totais”, comenta o pesquisador.
Para medir a adoção das boas práticas, foi criado um score. Cada item avaliado será pontuado em uma escala que vai de abaixo do esperado a acima do esperado com base no que foi observado e nas entrevistas que serão realizadas.
Além da parte da qualidade, os pesquisadores também verificarão a presença de micro-organismos que são causadores de mastite nas vacas. O problema consiste na inflamação da glândula mamária dos animais, levando à diminuição da produção de leite.
“Vamos fazer um teste nas vacas que se chama CMT. As que derem positivo, vamos coletar amostras do leite para analisar quais as bactérias que estão afetando a propriedade. Após, vamos ter um mapeamento do problema”, explica o doutor.
Os resultados, diz Vítor, poderão ser utilizados futuramente para balizar as ações da extensão rural em propriedades da agricultura familiar.
“Vamos fazer um retrato. A pesquisa em si não vai dar assistência técnica, mas um diagnóstico da adoção de Boas Práticas na Produção de Leite, qualidade do leite e sanidade para que a Agraer ou outras instituições possam estar subsidiadas do que é mais importante tratar no momento. Nós vamos subsidiar as próximas políticas públicas”, completa o pesquisador.
Texto: Ricardo Campos Jr. – Assessoria de Comunicação Social da Agraer
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