Os participantes do terceiro Dia de Campo da Goiaba levaram para casa a certeza de que estavam diante de uma opção promissora para diversificar a produção. Somente em 2022, foram negociados 400 mil quilos da fruta na Ceasa (Centrais de Abastecimento de Mato Grosso do Sul), conforme o diretor de abastecimento e mercado do local, Fernando Begena.
Contudo, segundo ele, o mercado estadual não dá conta de atender a demanda, que acaba abocanhada pelos vizinhos Paraná e São Paulo. Os produtos de fora são mais caros e ainda assim os preferidos dos clientes que visitam os pavilhões em busca de hortifrútis frescos.
Do montante vendido ano passado (citado acima), apenas 13 mil quilos haviam sido colhidos no Estado. “Entre os motivos eu posso colocar [em primeiro lugar] a frequência. Os clientes querem que os comerciantes estejam ali com tantas toneladas ou caixas uma vez por semana. Muitas vezes temos aquela produção, entregamos uma vez e depois não conseguimos mais”, afirma o diretor.
Outra questão levantada por Fernando é a padronização. Muitas vezes, os produtores acabam com goiabas de diferentes formas e tamanhos, desagradando os mercados e, consequentemente, os consumidores finais. “Os atacadistas sabem que as frutas que vêm de São Paulo e do Paraná vão atender as expectativas dos clientes e um dos parâmetros, quando queremos empreender, é fazermos estudos de mercado para identificar o perfil do consumidor”.
Por outro lado, nem mesmo esse embate faz com que os produtores deixem de apostar na goiaba, tanto que, conforme o diretor de mercado da Ceasa, o montante da fruta negociadas no local quase triplicou de 2021 para 2022, saltando de 5,5 mil quilos aos 13 mil quilos citados anteriormente.
Usando como referência as cotações do dia 15 de março, já que em razão da lógica de mercado um dia raramente é igual ao outro, a goiaba de Mato Grosso do Sul comercializada na Ceasa saiu de R$ 4 a R$ 5 o quilo, enquanto as de fora foram comercializadas entre R$ 7,22 a R$ 7,77 o quilo.
Ou seja, se o consumidor está disposto a pagar até R$ 50 em uma caixa de seis quilos paulista ou paranaense, os produtores locais, caso se atentem para terem produções constantes e padronizadas podem lucrar, e muito, com a fruta.
“Não tem outra conversa. O comerciante e o produtor querem saber de lucro. Estamos produzindo e comercializando para poder viver daquilo ali, ser nosso trabalho, nosso ganha pão e isso tem que compensar. Hoje a Ceasa negocia com 20 estados e vários países e em Mato Grosso do Sul, com mais da metade dos municípios. A área de comercialização do mercado hortifrutigranjeiro é grande, vai depender da capacidade de cada um dos senhores”, completou Fernando.
Dia de Campo
Voltada aos agricultores familiares, o Dia de Campo da Goiaba atraiu 128 pessoas ao pomar do Cepaer (Centro de Pesquisa e Capacitação da Agraer), em Campo Grande. Pesquisadores e extensionistas falaram aos agricultores familiares sobre aspectos importantes dessa cultura, como controle de pragas, variedades e seus respectivos usos, além de técnicas de poda, manejo e produção de mudas.
Begena participou de uma mesa redonda sobre comercialização ao lado do o produtor de goiabas Antônio César Chiquito. Este compartilhou suas experiências. O evento foi encerrado com o almoço e sequer a chuva foi capaz de atrapalhar o sucesso de mais uma iniciativa da Agraer/Semadesc.
Texto: Ricardo Campos Jr. – Comunicação Agraer
Fotos: Eduardo Barreto – Centro de Pesquisa e Capacitação da Agraer (Cepaer)