Brasília (DF) – No Dia Laranja pelo fim da violência contra as mulheres, lembrado a cada dia 25, a ONU Brasil chama a atenção para a situação das mulheres indígenas, e pede que elas sejam atendidas por serviços especializados que levem em conta suas especificidades.
As Nações Unidas alertam para a ausência de dados estatísticos sobre violência contra as mulheres indígenas, a discriminação nos serviços especializados e a inexistência de uma abordagem específica para elas.
Em março, a ONU Mulheres realizou campanha digital para homenagear mulheres ativistas rurais e urbanas que transformam a vida das brasileiras, paralelamente a outra ação digital focada nas mulheres negras em alusão ao Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial.
O Dia Laranja com foco nas mulheres indígenas é a primeira de uma série de atividades programadas, de 27 a 29 de março, em Brasília (DF), que mobilizará ativistas, ONU e parceiros.
Entre as ações, destacam-se um encontro para troca de experiências entre mulheres indígenas brasileiras e canadenses; reuniões com agências da ONU e o lançamento do documentário “Mulheres Indígenas: Vozes por Direitos e Justiça”, produzido pelo Grupo Temático de Gênero, Raça e Etnia da ONU Brasil e pelo Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio), com apoio da embaixada do Canadá.
“A ONU tem recebido denúncias sistemáticas de violação dos direitos humanos dos povos indígenas, em que a situação das mulheres se agrava pelas discriminações de gênero e etnia”, disse Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres Brasil e coordenadora do Grupo Temático de Gênero, Raça e Etnia da ONU Brasil.
“Este é o ano em que a Declaração Universal dos Direitos Humanos completa 70 anos e estamos buscando estratégias para fazer avançar a resposta mais efetiva de direitos para as mulheres indígenas”, completou.
Por meio do projeto “Voz das Mulheres Indígenas”, desenvolvido pela ONU Mulheres com apoio da embaixada da Noruega, foi elaborada pauta comum elaborada após a realização de entrevistas e trabalho de campo com mulheres de 104 povos indígenas dos 305 existentes no país.
A pauta reúne dez demandas: 1. Violação dos Direitos das mulheres indígenas, incluindo o enfrentamento à violência contra as mulheres; 2. Direito à terra e processos de retomada; 3. Direito à saúde, educação e segurança; 4. Direitos econômicos; 5. Empoderamento político das mulheres indígenas; 6. Formulação de uma estratégia de incidência política; 7. Tradições e diálogos intergeracionais; 8. Comunicação e processos de conhecimento; 9. Processos de resistência; e 10. Sustentabilidade e financiamento.
Durante o #DiaLaranja deste mês, são resgatados dois momentos importantes de articulação política das mulheres indígenas – o Acampamento Terra Livre e o Kuñague Aty Guassu (Grande Assembleia das Mulheres Indígenas Guarani-Kaiowás), em que o debate sobre as necessidades das mulheres indígenas para prevenir e enfrentar a violência de gênero foram abordadas.
Dia Laranja
Celebrado no dia 25 de cada mês, o Dia Laranja pelo fim da violência contra as mulheres e meninas alerta para a importância da prevenção e da resposta à violência de gênero. Sendo uma cor vibrante e otimista, o laranja representa um futuro livre de violência, convocando à mobilização todos os meses do ano, culminando no 25 de novembro, Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres.
O Dia Laranja integra a campanha do secretário-geral da ONU “UNA-SE Pelo Fim da Violência contra as Mulheres”, lançada em 2008 com o objetivo de dar visibilidade e aumentar a vontade política e os recursos designados a prevenir e responder à violência de gênero.
Fonte: Organizações das Nações Unidas no Brasil