Unir esforços em prol do fortalecimento da agroecologia no estado de Mato Grosso do Sul, a partir da identificação das principais dificuldades e da definição de ações para solucioná-las,envolvendo quatro temas centrais (produção e comercialização; mobilização e organização social; formação em agroecologia, além de pesquisa e assistência técnica aos produtores rurais), considerados fundamentais para a produção agroecológica no MS, foi o objetivo central da 1ª Oficina de Concertação em Agroecologia do MS.
Os resultados dos três dias de trabalho, envolvendo representantes de36 instituições, entidades e movimentos sociais, totalizando 72 pessoas, possibilitaram a formação do Fórum MS de Agroecologia, que reúne representantes de instituições estaduais. O Fórum já nasce com um Comitê GestorProvisório, além de uma agenda de trabalhos iniciais claramente definidas para o desenvolvimento de ações conjuntas no próximo ano, com base nos quatro temas centrais.Participam do Fórum representantes de Universidades e Institutos de Educação, entidades de assistência técnica e extensão rural, instituições de pesquisa, entidades representativas de produtores rurais que atuam em Agroecologia, escolas famílias agrícolas, movimentos sociais, cooperativas, entre outras entidades e instituições que atuam em Agroecologia no Estado de Mato Grosso do Sul.
Um dos desafios iniciais propostos será a organização e realização do Agroecol, que deverá acontecer em novembro de 2016, em local a ser definido. Esse evento reúne quatro importantes agendas de Agroecologia: 2º Seminário de Agroecologia da América do Sul, o 6º Seminário de Agroecologia de Mato Grosso do Sul, o 5º Encontro de Produtores Agroecológicos de MS e o 2º Seminário de Sistemas Agroflorestais em Bases Agroecológicas de MS.A programação preliminar do evento, com temas para palestra magna, minicursos, palestras, oficinas, mesas redondas, entre outras atividades também foram debatidas durante a Oficina de Concertação.
O supervisor do Setor de Prospecção e Avaliação de Tecnologias (Spat), da Embrapa Agropecuária Oeste, Milton Padovan, explica que diversas instituições e organizações do Mato Grosso do Sul desenvolvem ações de pesquisa, ensino, assistência técnica, processos organizacionais, produção e comercialização de alimentos agroecológicos. Porém, muitas dessas atividades são realizadas isoladamente, sem a articulação e as parcerias necessárias, o que leva a resultados mais limitados.
“A 1ª Oficina de Concertação em Agroecologia reuniu essas instituições e entidades envolvidas nesse tema para que conheçam o que está sendo feito individualmente e possam se fortalecer e produzir esforços conjuntos em prol de um resultado mais expressivo, tanto para as agendas institucionais quanto para o público em geral. Todos, nós, ficamos muito satisfeitos com esse resultado inicial”, disse. Padovan acrescenta ainda que durante a Oficina de Concertação, diversas instituições já planejaram novas ações em conjunto, demonstrando que um dos principais objetivos do eventojá foi atingido plenamente.
Ele esclareceu ainda sobre um dos motivos que revelam porque recentemente vem havendo o aumento do interesse das pessoas pela agroecologia, nos diversos segmentos da sociedade, tanto entre os moradores da zona rural como da urbana. “Quando um produtor se propõe a trabalhar com agricultura de base agroecológica e seu produto final é qualificado como orgânico, é preciso ser certificado com tal para ser comercializado, ou seja, o produtor deve comprovar e seguir as orientações da legislação existente para a produção de alimentos orgânicos. Há alguns anos atrás, só era possível essa certificação por auditagem, que tem custo elevado e que acabava promovendo um processo de exclusão dos agricultores mais descapitalizados. Porém, com as modificações e evolução da legislação brasileira, realizadas há cerca de dois anos, possibilitaram o processo de certificação por meio do sistema participativo de garantia, também conhecido como Certificação Participativa. Esse processo possibilitou a inclusão desses produtores, de menor porte, que estão se inserindo aos poucos”, explica Padovan. É, por isso, que houve um aumento na comercialização de produtos orgânicos, que já eram produzidos, mas não comercializados como orgânicos. “Atualmente, já temos três feiras de produtos orgânicos em Dourados e a inserção desses produtos no mercado de forma legal está apenas em fase inicial”, acrescenta Milton Padovan.
Realização – A 1ª Oficina de Concertação em Agroecologia do MS, que aconteceu de 30 de setembro a 2 de outubro, foi uma realização da Embrapa Agropecuária Oeste e da Delegacia Federal do Ministério do Desenvolvimento Agrário (DFDA-MDA-MS). O evento fez parte das ações do Plano Nacional de Inovação e Sustentabilidade para a Agricultura Familiar. As atividades da Oficina de Concertação também fizeram parte do calendário de ações realizadas na Semana Municipal da Agroecologia de Dourados, organizado pela Prefeitura Municipal e que aconteceu entre os dias 28 de setembro e 3 de outubro, em diversos locais no município.
Christiane R. Congro Comas (Mtb-SC 00825/9 JP) Embrapa Agropecuária Oeste