Garantir a comercialização da produção de assentados, triplicar a produção no Estado e gerar novos postos de trabalho são as principais metas propostas com a parceria.
Campo Grande (MS) – O apoio do Governo do Estado para expansão da produção de urucum em Mato Grosso do Sul, esteve em pauta nessa quarta-feira (4.10) na Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), em reunião do secretário Jaime Verruck, com o diretor-presidente da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer), Enelvo Felini, e o empresário Eduardo Augusto de Lima Giuliani, sócio-diretor da empresa Vale Urucum. A ideia é produzir sementes de urucum, em parceria com assentados, para atender o mercado interno e externo.
Segundo a proposta apresentada pela Vale Urucum – empresa produtora de sementes e pasta de urucum instalada no município de Nova Alvorada do Sul – seriam transferidos para os assentamentos tecnologias de plantio, disponibilizadas sementes para os viveiros, e garantida a compra da produção de cinco hectares por assentado, em parceria com as Prefeituras, e agora o Governo do Estado. “Essa garantia seria feita a um preço mínimo que dê margem de lucro de 20%, para os que atingirem produtividade de 900 kg/ha e bixina de 5,7 pontos, levando em conta possíveis quebra de safra por questões climáticas”, explicou Giuliani.
A empresa já cultiva 350 hectares de urucum na Fazenda Pantanal Leste (BR 267) em Nova Alvorada do Sul e está construindo uma indústria de processamento, com obras em fase de finalização. Segundo Eduardo, em pleno funcionamento será possível processar 600 toneladas por ano, gerando aproximadamente 50 empregos diretos e outros 200 indiretos.
Ao observar que Mato Grosso do Sul é o sexto Estado na produção de urucum no País – com aproximadamente mil hectares cultivados – e a atividade tem características muito ligadas as da agricultura familiar, o secretário Jaime Verruck sinalizou positivamente quanto a parceria, tendo iniciado a discussão para ampliar a participação da Agraer, que já realiza ações voltadas ao incentivo do cultivo de urucum em diversos municípios do Estado, em especial em Nova Alvorada do Sul, com o trabalho comandado pela coordenadora Elisméia Borges, da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer).
A instalação da indústria em Nova Alvorada do Sul trará, segundo Verruck, é a garantia de comercialização da produção dos assentados, ampliação da produção no Estado e geração de novos postos de trabalho, já que a atividade requer intensivo uso de mão de obra para a colheita.
Por parte da Secretaria, Jaime Verruck destacou ainda o envolvimento da Agraer, através da Cepaer, para a realização de pesquisas sobre o urucum, produto que é amplamente empregado na indústria alimentícia como corante para laticínios, doces, biscoitos, massas, carnes, sorvetes, bebidas, óleos e gorduras, podendo ainda ser adicionado a cosméticos, produtos farmacêuticos, tecidos e tintas.
“Considerando que a indústria já tem um plantio significativo em Nova Alvorada do Sul e deve concluir em breve as obras de uma indústria com capacidade para seiscentas toneladas por ano, acredito que Mato Grosso do Sul pode avançar na cultura do urucum e triplicar sua produção, chegando próximo dos três mil hectares, num prazo de dois anos”, afirmou Verruck.
Segundo Enelvo Felini, a Agraer, que já tinha um olhar diferenciado para essa cultura, passa a partir dessa parceria, a ampliar suas atividades voltadas ao incentivo da cultura do urucum, que segundo ele vão além da assistência técnica. “O pequeno produtor que já conta com a assistência da Agência, terá agora o reforço da parceria com a indústria e o compromisso da Secretaria, que é a indutora do desenvolvimento de novas culturas no Estado, com vistas à diversificação das atividades e consequente geração de emprego e renda no campo”, completou.
Urucum
No Brasil, que é o maior produtor do mundo e grande exportador, o urucum vem se firmando como uma cultura altamente rentável. Estima-se que 65% do valor agregado seja relacionado à mão de obra devido à natureza manual da colheita. Esta característica torna o setor importante para os assentamentos rurais que fornecem trabalhadores e também participam de maneira crescente na produção.
Segundo artigo de Eduardo Giuliani, publicado em abril deste ano, no site ourocum, estima-se que a produção brasileira de semente esteja espalhada em 11.777 ha que produziram 14.420 toneladas só em 2015. Essa produção foi destinada às indústrias produtoras de corante, colorau e uma pequena parcela destinada à exportação. Atualmente a produção nacional é composta por duas safras e uma safrinha. A maior safra é colhida de julho a setembro nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste e de fevereiro a março nas regiões Norte e Nordeste e há também uma safrinha de fevereiro e março nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
Texto: Kelly Ventorim – Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro)
Foto: Néia Maceno – Assessoria de Comunicação Agraer