Campo Grande (MS) – Na tarde desta quarta-feira (21), a vice-diretora da Agência Estadual de Defesa Animal e Vegetal (Iagro), Marina Dobashi, e o superintendente de desenvolvimento rural da Sepaf, Edwin Baur, junto do assessor de gabinete, Marivaldo Miranda, e assessores do programa Leite Forte, Orlando Camy, Ariani Monali e Arthur Curado, estiveram na Embrapa Gado de Corte acompanhando a palestra técnica “Genoma Funcional – nova realidade no controle do carrapato-do-boi”, ministrada por Renato Andreotti e Silva, pesquisador da Embrapa graduado em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), mestrado e doutorado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de São Paulo e pós-doutorado pelo laboratório da ARS/USDA em Kerrville,Texas, Estados Unidos.
Aberta ao público, a palestra atraiu ainda profissionais e estudantes que puderam acompanhar o detalhamento do trabalho de Renato no desenvolvimento de uma vacina contra o carrapato do boi que, conforme ele esclareceu, pode impactar no cenário econômico de Mato Grosso do Sul.
Com 22 espécies identificadas até o momento, a ação dos carrapatos representa uma perda média de 3,2 bilhões de dólares por ano no Brasil. O que mais preocupa segundo o especialista é que o principal método de controle, realizado através de produtos químicos, tem se mostrado cada vez menos eficaz. “Hoje vivemos uma crise no controle do carrapato no Brasil”, reforçou, lembrando que ao cair no solo, uma fêmea de carrapato é capaz de fazer uma postura de cinco a oito mil ovos que se transformam em larvas rapidamente.
Ao revelar a inexistência de informações sobre esses parasitas nos estados do Mato Grosso e Pará, potenciais polos agropecuários, Renato alertou sobre a necessidade de mais investimentos na busca por novas possibilidades de controle, no trabalho de extensão rural e no alerta aos produtores sobre a utilização indiscriminada de produtos que não tem recomendação técnica.
Segundo o pesquisador, a ausência de uma política oficial de controle do carrapato-do-boi tem levado os produtores a adotarem práticas de controle individuais. “O uso frequente de acaricidas e muitas vezes de forma inadequada tem levado as populações de carrapatos a tornarem-se mais resistentes aos poucos produtos existentes no mercado nacional e isso nos preocupa muito”, disse.
Depois de viajar o País coletando amostras de carrapato, analisá-las e definir seus padrões, Renato trabalha hoje na elaboração de método alternativo de controle, um antígeno vacinal – desenvolvido com base no antígeno proveniente do sistema digestivo do carrapato – denominado de “Bm86 CG”.
“A disseminação da informação sobre a situação da resistência, envolvendo intercâmbio entre laboratório e campo, produtores, técnicos e pesquisadores, é fundamental para que os resultados e as recomendações possam atingir efetivamente o seu alvo. Manter o produtor informado bem como os técnicos que desenvolvem atividades diretamente no campo deve ser uma tarefa permanente de todos aqueles setores interessados no controle adequado dos carrapatos dos bovinos”, alertou Renato.
A vice-diretora da Iagro, agência que já é parceria da Embrapa em outras diversas atividades, fará essa semana a entrega, aos técnicos de campo, do material disponibilizado na palestra, que serão utilizados para auxiliar os criadores na identificação dos carrapatos. O cartaz com informações atualizadas – produzido a partir de informações do Museu do Carrapato, pela Embrapa Gado de Corte, Fundect, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Fiocruz, Instituto Butantã e o Programa de pós-graduação de doenças infecciosas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – pode ser encontrado no site, com o título ‘Controle do Carrapato em Mato Grosso do Sul’
Neste site o pesquisador orienta sobre como proceder na coleta e envio dos carrapatos para o laboratório da Embrapa e detalha o trabalho que realiza em parceria com a Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer) para monitoramento em bovinos nas bacias leiteiras no Estado.
Kelly Ventorim, Assessoria de Imprensa da Sepaf
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