Naviraí (MS) – Enquanto trabalha junto de sua equipe na elaboração de um Plano Estadual de Irrigação, o secretário de Estado da Produção e Agricultura Familiar, Fernando Mendes Lamas, esteve no ultimo dia 26, acompanhado de seu Adjunto, Jeronimo Alves, participando em Naviraí, do evento “Meu Primeiro Pivot”, organizado pela Copasul, que levou informações a produtores que desejam trabalhar com irrigação, apresentando seu funcionamento e benefícios.
Com apoio do Governo do Estado, e em parceria com a empresa Valley, o projeto da Copasul tem como foco principal os municípios próximos a Bacia do Paranazão. Com meta que prevê irrigar 10 mil hectares, a iniciativa da cooperativa – que segundo o secretário apresenta um projeto estruturado e com respaldo técnico – tem ganhado espaço e avançando pelo vale do Ivinhema, onde inclusive já existe uma associação de irrigantes.
“Naquela região existem grandes possibilidades de deficiência hídrica, principalmente no período de pico do enchimento do grão de soja – entre os meses de dezembro e janeiro – quando o grão é mais exigente em água. Para escapar desse período crítico pode-se trabalhar com janela de plantio e ciclo de cultivar, mas isso tem limite e se você tem irrigação pode evitar grandes prejuízos”, disse o secretário. Lamas exemplifica a eficiência da irrigação ao explicar que numa propriedade de mil hectares, trabalhando com irrigação em apenas 200 hectares, é possível evitar prejuízos mesmo com baixa produtividade nos 800 não irrigados. “Esse é o fundamento do projeto”, completou.
“Um estudo detalhado da Embrapa mostra que a cada cinco safras, naquela região, os produtores perdem, em média, duas. Por isso a irrigação, principalmente para a soja, pode ser o fator determinante para o sucesso da safra”, explicou.
A estruturação da unidade de irrigação dentro da cooperativa, que hoje tem condições de atender o produtor interessado em implantar o sistema em sua propriedade, respeitando as características da propriedade, ajudam a ampliar as chances de obtenção bons resultados.
Sobre o projeto que visitou – implantado em uma das propriedades do Grupo Tonini, na Fazenda Marialva – o secretário destacou a satisfação do empresário Nelson Tonini, que contabiliza seis safras sem perdas, desde a implantação do sistema que, hoje, irriga 300 hectares. Segundo ele, Tonini deve implantar mais nove pivôs na propriedade onde hoje já cultiva soja, milho, trigo, pastagem e melancia.
Para o secretário, o bom relacionamento da cooperativa com o Governo do Estado – que rompeu barreiras na discussão de outorga de água, e tem o Imasul responsável por essa função, como um parceiro – será preponderante para a ampliação do número de produtores incluídos no projeto.
Mesmo com todas as vantagens, o secretário não deixou de comentar o gargalo mais importante, que é a energia elétrica. Segundo ele, hoje o projeto precisa da instalação de motores a diesel para seu funcionamento na região. “Temos bom solo, conhecimento, clima considerado favorável, empresários com espirito empreendedor e dispostos a investir, mas esbarramos hoje na demanda de energia elétrica”.
Comprometendo-se a fazer gestão junto ao Governo do Estado e com a Energisa, empresa de energia elétrica, para o fomento de ações que possam contribuir com uma solução, o secretário fez questão de ressaltar que mesmo com a utilização de motor a diesel o projeto é viável.
Para o adjunto Jerônimo Alves, além de reduzir os riscos da perda pela seca, a irrigação traz boas vantagens financeiras, agrega valor e favorece a redução da pressão pelo desmatamento de novas áreas, já que há um aumento significativo da produtividade, potencializando inclusive a geração de empregos estáveis no campo.
Jerônimo lembra que em Mato Grosso do Sul existem bolsões de irrigação nas cidades de Naviraí, Maracaju, Sidrolândia, Ponta Porã e que em Chapadão também já há um trabalho de pesquisa na área, fazendo questão de frisar que a irrigação é irreversível no Estado.
Ele destacou que diante dos bons resultados obtidos, outros produtores devem ser motivados adotar a tecnologia, em especial aqueles cujas propriedades fazem parte da bacia dos rios Ivinhema e Amambai. “Nosso Estado, em especial as regiões Sul e Sudeste, possui enorme potencial para irrigação. Temos uma bacia hidrográfica bem distribuída e rica em água, topografia favorável e fertilidade”, completou.
Para Jerônimo, uma das importantes ferramentas que o Estado possui e que vai ajudar a fomentar o projeto, é o moderno serviço prestado pelo Imasul – que hoje conta com uma equipe preparada, trabalhando com um sistema todo informatizado, atual e de fácil acesso.
Complementando suas observações, Lamas lembrou ainda que na última semana esteve em Brasília tratando do tema e que em articulação com o Ministério da Integração Nacional através da Secretaria Nacional de Irrigação trabalha com a equipe da Secretaria na elaboração do Plano Estadual de irrigação. “O Plano inclui ações que, com certeza, irão contribuir para a solução de gargalos desse projeto”, concluiu.
Participaram do evento, o diretor-presidente e o supervisor regional da Valmont, João Rebequi e Vinicius Melo, o superintendente da Copasul, Gervasio Kamitani, o coordenador comercial do Banco de Lage Landen, Flavio Barreto, o gerente regional no Centro-Oeste da Irriger, Faos Pereira Lopes, representando a gerencia de recursos hídricos do Imasul, Tamiris Azoia, o gerente da unidade de irrigação da Copasul, Cláudio Furukawa, o presidente da associação dos irrigantes do Estado do Mato Grosso do Sul, Paulo Eduardo Lima.
Irrigação em Mato Grosso do Sul
Segundo o estudo “Análise Territorial para o Desenvolvimento da Agricultura Irrigada”, elaborado pelo Ministério da Integração Nacional em parceria com a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) e o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), o Brasil tem potencial para expandir as terras irrigadas em até 61 milhões de hectares – o equivalente a 10 vezes o tamanho atual. O maior potencial de expansão está na região Centro-Oeste, sendo que, o Mato Grosso do Sul tem um potencial para irrigar aproximadamente 4,5 milhões de hectares. A irrigação possibilita diversificar as culturas e a produção de alimentos.
A irregularidade de chuvas e as estiagens constantes trazem queda da produtividade e até prejuízos. Uma alternativa para reverter esse quadro é a irrigação, que oferece diversos benefícios. Dentre eles, destacam-se o planejamento de uso da área, pois, independe de chuva, a estabilidade de produção, a segurança do capital investido na produção, minimizando o risco de veranico em períodos sensíveis, a qualidade da produção, proporcionada pelo ciclo mais homogêneo, a exploração de uma maior gama de janela produtiva, permitindo a introdução de outras culturas com foco em rentabilidade ou rotação de cultura, e ainda aumento na produtividade, diante da possibilidade de adotar melhores índices de tecnologia na produção sem a limitação do insumo água.
Kelly Ventorim, Assessoria de Comunicação Sepaf