Modelo de eficiência dos programas governamentais voltados ao pequeno produtor, o casal Valdete e Nilda produzem 28 itens na propriedade de 4,5 hectares
Em meio aos desafios encontrados pelas equipes governamentais para fazer funcionar programas e políticas públicas voltadas ao pequeno produtor, que buscam resumidamente dar ao homem do campo o direito de exercer a sua vocação, ter vida digna com moradia e renda para o sustento de sua família, encontramos casos de sucesso, como o do casal Valdete Franco dos Santos e Rosanilda Rodrigues da Silva, do município de Antônio João, interior de Mato Grosso do Sul.
A história do casal de pequenos produtores começa a ser construída com a inserção na lista de pessoas que tinham a vocação, mas não tinham a terra para produzir. A inscrição no Programa de Crédito Fundiário feita através de triagem da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer) resultou na aquisição da Fazenda Vera Nilda com 515 hectares em 2007 e a sua divisão em 86 lotes de 4,5 hectares cada.
Valdete e Rosanilda então se tornaram proprietários da que batizaram ‘Instancia Vitória’. A vitória, segundo conta Valdete, era resultado de uma vida de dedicação à terra, que começou coincidentemente na Fazenda Vera Nilda, onde ele nasceu e viu seu pai criar ele e os irmãos com grande zelo.
“Neste inicio tudo que tínhamos era a terra crua e a nossa coragem”, comenta Valdete lembrando os primeiros créditos recebidos através do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar, o Pronaf, e que resultaram no que é hoje a propriedade. Nos 4,5 hectares Valdete e Nilda produzem 28 itens que atendem chamadas publicas do município e do Estado e uma feira que acontece aos domingos e foi criada há quatro meses através da Associação que Valdete preside.
Somente caminhando pela propriedade, onde cada cantinho é aproveitado, seja para abrigar as caixas de produtos prontos para serem entregues, ou com o cultivo de verduras, legumes e frutas, a criação de vacas, bezerros, galinhas, porcos e peixes, a produção de queijos e mel, mudas de flores e plantas, é possível entender como o casal conseguiu construir uma boa casa e galpões, adquirir equipamentos, um utilitário e os animais. “Quando fizemos Pronaf para fazer as cercas e os piquetes das vacas, dispensamos a mão-de-obra, fizemos nós mesmos. Com o que sobrou compramos mangueiras para irrigar por gotejamento, uma caixa d´água, sementes e adubo e plantamos os primeiros quinhentos pés de tomate onde hoje temos mais de dois mil”, lembra satisfeito.
O espírito empreendedor de Valdete é contagiante. A esposa Nilda conta que ele é sempre “cheio de ideias” e ela nunca tem duvidas de que tudo vai dar certo, tamanho seu entusiasmo. “Agora estamos trabalhando na construção de uma estufa grande para trinta mil mudas de tomate pelo programa ‘Mais Alimentos’. O rapaz da Agraer deve vir na próxima semana pra fechar o projeto. A madeira já tá separada e o Valdete não fala em outra coisa”, comenta orgulhosa.
E no meio da conversa, enquanto os dois recebiam com caldo de cana geladinho seus amigos Carlos Gonçalves e Aristóteles Ferreira, que trabalham com crédito fundiário na equipe da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, a Semagro, os dois deram uma pausa para organizar o que fariam antes da tarde findar. Nilda se afastou um pouco e começou a procurar por ovos das galinhas da angola que estavam por ali e Valdete se dirigiu a um freezer e começou a separar pacotes de mandioca descascada que deveria entregar ainda naquele dia, observando que Nilda não devia esquecer de separar as mudas de flores que ele tinha que levar junto.
Neste momento, Carlos Gonçalves, que é secretário executivo do Conselho de Desenvolvimento Rural Sustentável, o CEDRS, em Mato Grosso do Sul, e que ajudou a organiza-lo a décadas atrás, relembrou como se deu a compra da Fazenda que originou a propriedade, reforçando o orgulho que todos que participaram têm do que se tornou a pequena propriedade de Valdete e Nilda.

Segundo Carlos, o trabalho do casal tornou-se referência e caso de sucesso de bom aproveitamento de crédito fundiário e Pronaf. “Eles provaram que é possível, com muito trabalho e persistência, tirar de uma pequena propriedade seu sustento e algo mais”. Comentou satisfeito, lembrando ter acompanhado diversas das etapas superadas pelo casal para chegar até ali.
Aristóteles destacou que junto aos outros produtores da região, Valdete exerce forte liderança, ao presidir o Sindicato dos Trabalhadores Rurais e a ‘Associação Terra Boa’, aquela que organizou uma feira aos domingos, em Antônio João.
O próximo passo, segundo Aristóteles, é mostrar a eles as possibilidades do FCO, um crédito diferenciado ao qual Valdete já pode se habilitar. “Dia 08, aqui em Antônio João, a Prefeitura realiza com apoio do Governo do Estado, nossa Secretaria e o Cedrs/MS, um grande evento, a partir das 19 horas, que reunirá agentes financeiros das instituições que operam o FCO, empresários e produtores para esclarecer tudo sobre essa linha. O Valdete estará conosco e quero crer que saberá aproveitar mais essa oportunidade”, completou.
O convite feito a Valdete foi estendido a outros produtores e empresários visitados por Carlos e Aristóteles durante passagem pelo município de Antônio João, onde estiveram para encontro com o Secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico, Jaime Schneider, e acerto dos detalhes para a realização do evento.
SERVIÇO
EVENTO: Divulgação das linhas de financiamento do FCO
DATA: 08 de novembro de 2017 – A partir das 19h
LOCAL: No auditório da Prefeitura Municipal de Antônio João/MS
INFORMAÇÕES: (67) 3435-1011
Texto e fotos: Kelly Ventorim (ascom@semagro.ms.gov.br)