Dourados (MS) – Os produtores que passarem pela 3ª edição da Tecnofam – Tecnologias e Conhecimentos para Agricultura Familiar, no município de Dourados, terão a oportunidade de conhecer o eixo Mostra de Tecnologia, com operacionalização de drone e apresentação de ferramentas artesanais para utilização no manejo do solo ou de trato animal, compactação de ração.
Criadas pelo agricultor familiar Vilson Tomdato, do município de Deodápolis, as ferramentas têm como foco a otimização do tempo e a boa qualidade das atividades agrícolas. “Sou torneiro mecânico desde muito jovem e aproveitei os meus conhecimentos para inventar coisas que pudessem ajudar na lida do dia a dia. A ideia aqui é mostrar para os pequenos produtores rurais como é possível criar utensílios mais baratos do que os que estão à venda. Há ferramentas que podemos criar que são tão eficientes como as compradas”.
Uma das invenções é a carretinha três em um possibilita três serviços em um (sementeadeira, calcareadeira e adubadeira). “Ela é engatada em uma moto para que o produtor possa percorrer um longo trajeto em um curto espaço de tempo. A carreta serve para o produtor fazer o transporte de cargas e há um espaço para o encaixe e desencaixe das peças para distribuição de calcário, semente e adubo. O calcário pode ser feito com alcance de até 5 metros de largura e a de adubo e de semente tem como fazer de oito a dez metros”, explica o engenheiro agrônomo da Agraer de Deodápolis, Douglas Pellin, que faz o acompanhamento do produtor na feira.
A utilização da moto ainda beneficia a saúde do produtor. “Como qualquer trabalhador, o agricultor familiar quer ter condições de ter um bom ambiente de trabalho. A moto agiliza o tempo nas atividades, reduz o cansaço e permite que ele faça mais de uma atividade em um mesmo dia”, afirmou o inventor Vilson.
A peletizadora foi outro equipamento que está chamando a atenção do público. “Se você joga a ração de milho ou de soja direto nos tanques, nem sempre os peixes conseguem pegar tudo. A ideia aqui é passar a ração na máquina que irá concentrá-la em massa, grãos. Com isso fica mais fácil para o peixe se alimentar e evita que a ração vá para o fundo dos tanques”, observa o produtor.
Outro benefício é o custo da máquina. “Uma dessa deve custar uns R$ 25 mil. Aqui, foi gasto entre uns R$ 5 mil. Um valor bem abaixo do mercado. Uma economia que faz diferença dentro de uma propriedade familiar”, diz o inventor que também mostra com orgulho outra criação que complementa a peletizadora, “São quatro tambores, uma bandeja no meio e uma corda para que seja puxada após a refeição dos peixes. A proposta é que não vire bagunça a alimentação dos peixes e que se evite ração no fundo dos tanques. Na piscicultura isso não pode acontecer porque se acumular no fundo, não tiver limpeza, ela fermenta na água e vai matar os peixes”.
Vilson afirma que no mercado não tem nada igual a sua engenhoca. “Esse tratador eu gastei uns R$ 300,00 e ele ajuda muito no trato dos peixes. Nele posso colocar resto de abóbora, ração, tudo o que você quiser dar para o peixe se alimentar é possível usar essa bandeja. E o que o peixe não quiser vai ficar nela e não vai para o fundo do tanque”.
Além de demonstrar a utilidade de cada ferramenta artesanal, os visitantes conferem também a manipulação de drone. “É um equipamento com inúmeros proveitos. Tem como fazer mapeamento de lavoura, levantamento topográfico, imagens para curvas de nível, mapas em 3D e, ainda, auxiliar as atividades da Defesa Civil com fornecimento de fotos e levantamento de dados sobre erosões provocadas por chuvas, por exemplo”, informa Pellin.
Parceiros – De caráter bienal, a Tecnofam realizada de 17 a 19 de abril, é uma realização da Embrapa, em parceria com o Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, por meio da Agraer – Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural, Semagro – Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, e Fundo para o Desenvolvimento das Culturas de Milho e Soja (Fundems). O evento conta com apoio da Prefeitura Municipal de Dourados, da Associação de Produtores Orgânicos de Mato Grosso do Sul (Apoms), Sebrae, Senar, além de Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), representado por 14 unidades da Embrapa.
Texto: Aline Lira/ Fotos: Néia Maceno – Assessoria de Comunicação da Agraer