Campo Grande (MS) – Hoje, 23 de março, é sexta-feira, período da semana em que muitos já começam a procurar os boletins meteorológicos em sites, aplicativos de celular ou nos noticiários de TV para programar o melhor roteiro do fim de semana (cinema, casa ou passeio ao ar livre). Mas, não é só a vida pessoal que se deixa influenciar pelo clima. Seja para iniciar uma obra em rodovias, viajar de férias ou a negócios, e até mesmo, no campo, na escolha do melhor momento para plantio ou colheita, a previsão do tempo é uma forte aliada nas tomadas de decisões.
E tanta influência climática sobre a sociedade tornou a data o Dia Mundial da Meteorologia. Um marco comemorativo instaurado no ano de 1961 em razão do aniversário de criação de OMM (Organização Meteorológica Mundial, instituição ligada à ONU e que existe desde o ano de 1950). Atualmente, essa organização possui a adesão de 189 países incluindo o Brasil.
Em Mato Grosso do Sul, a data tem uma importância ainda mais especial, pois este ano estão sendo instaladas 17 novas estações meteorológicas por diferentes pontos do território estadual. “Essas bases terão suas atividades associadas as outras 28 estações do Inmet [Instituto Nacional de Meteorologia] que estão há um tempo em operação no Estado. Um trabalho que está sendo feito através da soma de esforços do Governo do Estado através da Semagro, Agraer e do nosso próprio centro meteorológico, o Cemtec”, diz o engenheiro agrônomo, Carlos Henrique Lopes, da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Meio Ambiente, Produção e Agricultura Familiar (Semagro).
Seja na aquisição ou instalação dos equipamentos o projeto mobilizou outras entidades parceiras, tais como: Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja), Federação de Agricultura de Mato Grosso do Sul (Famasul), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e Caixa Econômica Federal (CEF). E, do que depender do empenho da equipe de implantação as estações estarão prontas antes do combinado. A finalização prevista para junho deve ser encerrada já no próximo mês, até no máximo no dia 13 de abril.
Das 17 cidades faltam apenas sete e a rota de trabalho já foi desenhada, sendo: Aral Moreira (5.4); Iguatemi (6.4); Angélica (7.4); Nova Andradina (9.4); Santa Rita do Pardo (10.4); Brasilândia (11.4) e Selvíria (12.4). Os demais municípios – Ribas do Rio Pardo, Bonito, Bandeirantes, Camapuã, Caarapó, Fátima do Sul, Laguna Carapã, Nova Alvorada do Sul e Pedro Gomes – já estão em fase de funcionamento.
Um trabalho que ao ser concluído trará benefícios, inclusive, no que diz respeito ao acesso de seguros agrícolas, situações emergenciais que envolvam a Defesa Civil e mesmo nas circunstâncias de negociações políticas em busca por recursos federais, em Brasília, para recuperação de estradas e outras áreas prejudicadas pelas mudanças climáticas.
“Especificamente, o Cemtec é voltado ao monitoramento meteorológico de Mato Grosso do Sul. Aqui, a gente trabalha tantos com informações conhecidas pela população, as previsões do tempo que são veiculadas nos meios de comunicação como também com informações de interesse dos agricultores. Em caso de algum incidente produtivo, por influência do clima, o agricultor pode nos pedir um laudo que será útil ao acesso de um seguro, por exemplo. Outro caso que podemos intervir é quando uma cidade sofre com enchentes e os governantes precisam pedir recurso ao Governo Federal. A gente confronta os dados das estações meteorológicas e prepara um laudo climatológico que é entregue às autoridades”, explica a meteorologista do Cemtec, Franciane Rodrigues.
Especialista no assunto, ela enfatiza a precisão das informações que serão captadas pelas 17 novas estações. “Elas irão melhorar nossa base de dados no quesito de exatidão porque teremos, no total, 45 unidades instaladas, ou seja, são equipamentos que captam dados in loco. Com isso, vamos aumentar a precisão das informações relativas às condições atmosféricas do nosso Estado”.
Dentro da agricultura e pecuária seja ela em larga escala ou de base familiar, a meteorologista destaca a importância da divulgação dos trabalhos. “Às vezes, as pessoas não se atentam ou não sabem que o Cemtec é do Mato Grosso do Sul, e que nós temos uma boa parceria com o Inmet que nos permite boas previsões do tempo. Temos, inclusive, um site para divulgações dos assuntos climatológicos. As informações meteorológicas de nosso Estado estão aqui, são confiáveis e as pessoas não precisam buscar externamente”.
As atividades do Centro de Monitoramento de Tempo, do Clima e dos Recursos Hídricos de Mato Grosso do Sul (Cemtec) estão amplamente alinhadas com os trabalhos da Defesa Civil. “É um órgão que é nosso grande parceiro. Nesse último verão, por exemplo, quando ocorreu fortes chuvas e enchentes, atendemos juntos cerca de 30 municípios. A Defesa Civil elaborou laudos que falavam dos estragos em razão das constantes chuvas e coube ao Cemtec preparar os laudos meteorológicos que atestavam tudo isso. Daí a importância das 17 novas estações”, lembra.
Equipamentos
Cada nova estação é equipada com barômetro (aparelho que mede a pressão atmosférica), higrômetro de ar e solo (umidade), anemômetro sônico (força e direção dos ventos), pluviômetro (quantidade de chuva), piranômetro (radiação solar), para-raios e um computador que vai transmitir todas essas informações diretamente ao Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Após serem formatadas, essas informações retornam ao Cemtec), órgão ligado à Semagro, onde os técnicos vão transformá-las em boletins com dados precisos sobre o clima e o tempo de cada região.
E todo esse trabalho que é feito poderá servir futuramente. “Será possível construir uma base de dados científica que poderá ser utilizada em pesquisas de mestrandos ou doutorandos, criar modelos meteorológicos sobre estudos do clima do Estado ou preparar um espaço de informações climatológicas que daqui a 30 anos poderá ser usado para fazer um estudo de caso sobre a situação climática de Mato Grosso do Sul dentro dessas três décadas de monitoramento”, aponta a responsável pelo Cemtec.
“Essas 17 estações farão parte da base do Inmet, o que significa que elas se integrarão a mais outras 500 estações em todo o Brasil que é a rede de meteorologia do Instituto”, destaca o engenheiro agrônomo da Semagro, Carlos Henrique Lopes, que coordena os trabalhos de instalações das novas estações.
Convênios
Os recursos para compra dos equipamentos (R$ 1,8 milhão) vieram do Mapa; o Governo do Estado investe mais R$ 554 mil do Fundo de Desenvolvimento das Culturas do Milho e da Soja de Mato Grosso do Sul (Fundems) para custear a instalação e a compra de alguns equipamentos restantes. O trabalho de instalação é feito por técnicos da Semagro e Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural), com supervisão de técnicos do Inmet.
O projeto ainda tem parcerias com Aprosoja, Famasul e com as prefeituras dos municípios onde terão as as estações instaladas, mediante a cedência do terreno.
Aline Lira – Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer)