Campo Grande (MS) – De acordo com o Anuário Brasileiro de Pesca elaborado pela Associação Brasileira de Piscicultura, o Mato Grosso do Sul se encontra na nona posição de produção de peixes com 24.150 toneladas/ano de pescado. Atenta a essa boa produtividade, e em razão desta quinta-feira, 29 de junho, em que é comemorado o Dia do Pescador, a Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural) celebra a data com orientações para evitar os prejuízos na criação de peixes durante a estação mais fria do ano, inverno, que costumam ser expressivos.
Há oito dias adentramos no inverno, período do ano em que as temperaturas caem, consideravelmente, em grande parte do País e para que essa queda brusca não seja sentida também no bolso dos piscicultores é preciso de medidas preventivas para evitar a mortalidade dos peixes, conforme recomenda o zootecnista e coordenador municipal da Agraer de Três Lagoas, José Américo Boscaine. “Os peixes são pecilotérmicos ou ectotérmicos, ou seja, temperatura interna do corpo varia de acordo com a temperatura do ambiente, água. É preciso estarmos atentos a alimentação, estrutura do viveiro e ter qualificação para manejo com os alevinos”.
Por não regular a temperatura do corpo com autonomia, o peixe sem o manejo adequado pode ficar fragilizado e propenso a doenças. “Temperatura da água abaixo de 22º C causam estresse e todos aqueles organismos aquáticos, protozoários, bactérias e fungos, por exemplo, surgem e começam ataca-los, causando doenças”.
A saúde dos alevinos e a renda dos produtores podem ficar a salvos se medidas simples na alimentação forem tomadas, garante o zootecnista. “Devemos controlar a quantidade de ração fornecida com base nos indicadores de um termômetro. Em temperaturas acima de 24º C , o piscicultor pode colocar a quantidade de ração recomendada pela tabela de alimentação, do contrário, terá de diminuir de 20 a 50% a quantidade de ração”.
Com o fornecimento de uma dieta balanceada, o próximo passo é observar o nível de cristalinidade da água. “A qualidade da água é essencial. Temos de ter uma transparência de água de 35 a 60 centímetros. Essa observação deve ser feita com um disco secchi para medir essa transparência da água e aí você pode pensar nas decisões a serem tomadas caso constate algumas irregularidades”, pontua Boscaine.
“O ideal é buscar acompanhamento profissional antes do outono e inverno para se precaver dos problemas. Mas, não havendo essa possibilidade o piscicultor que, nesta época do ano, observar algum comportamento anormal dos alevinos deve procurar a assistência técnica o mais rápido possível. Qualquer sintoma diferente que os peixes estiverem tendo, já é de se preocupar, porque é aí que começa o ataque dos organismos aquáticos [parasitas] que vivem junto com eles”, alerta.
Boscaine lembra que uma medida paliativa eficaz para combater os parasitas é a adição de sal na água. “Fazer uma aplicação com sal comum, o sal boiadeiro, nos tanques a cada 15 dias para evitar e diminuir o estresse nos peixes e ajuda a controlar os organismos aquáticos. Porém, é preciso ter uma orientação técnica para saber a quantidade recomendada do sal”.
E esse acompanhamento pode solicitado o escritório mais próximo da Agraer em qualquer município do Estado. Atualmente, a instituição conta unidades nos 79 municípios do Mato Grosso do Sul, todas com profissionais atuantes na área de Ater – Assistência Técnica e Extensão Rural.
Mercado no Brasil
O estado do Paraná é considerado campeão brasileiro de piscicultura, produziu 93.600 toneladas em 2016. E, de acordo com dados do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas, tanto a produção como o consumo de pescado no Brasil estão crescendo ano a ano. Prova é que, em 2015, foram 483 mil toneladas de peixe, com incremento de 1,5% em relação ao ano de 2014.
E outros indicadores demonstram incremento no setor. O relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), divulgado em 2016, estima que o País tenha crescimento de 104% na pesca e aquicultura até 2025.
Diante de tamanha representatividade é que o governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja, colocou desde o inpicio de sua gestão a piscicultura entre os cinco eixos das atividades rurais a serem desenvolvidas, junto com o leite, recuperação de solo, irrigação e hortifrúti.
Uma das linhas de frente é o programa “Peixe Vida”, sob coordenação da Semagro e Agraer, que concede benefícios aos produtores de peixes buscando estimular seu cultivo sustentável. Outra boa notícia para o setor é que, este ano, a União assinou a concessão para o Mato Grosso do Sul fazer uso das águas dos reservatórios de Ilha Solteira e Jupiá, ambos no leito do rio Paraná. Com isso, o Estado pode dobrar, em curto prazo, a produção de pescado em tanques e em médio e longo prazo tem chances de figurar no topo do ranking nacional da piscicultura.
Dia do Pescador
A origem da data, 29 de Junho, como o Dia do Pescador está na tradição cristã da celebração do Dia de São Pedro, que é considerado o santo protetor e padroeiro dos pescadores, lembrando que Pedro, enquanto era apóstolo de Jesus, era pescador de profissão.
Texto: Aline Lira – Assessoria de Comunicação da Agraer