Atrás dos muros do Patronato Penitenciário de Naviraí, o verde que brota na horta de um projeto social é sinônimo de dignidade e segurança alimentar. Com assistência técnica da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural), reeducandos cultivam hortaliças que são usadas na montagem de sacolões para alimentar suas famílias.
“É muito difícil conseguir entidades que compreendam a nossa necessidade em ajudar a reintegrar essas pessoas na sociedade. Ou seja, queremos atender aqueles que têm mais dificuldades em serem alcançados pelas políticas públicas e, principalmente, pela sociedade. Queremos mostrar que eles erraram, mas que precisam de uma oportunidade”, explica a diretora do Patronato, Neide de Oliveira Alvarez.
Participam do trabalho agrícola detentos do semiaberto, que usam tornozeleira eletrônica. Com ajuda dos extensionistas, eles aprenderam noções básicas de plantio, como preparo do solo, semeadura e tratos culturais. Porém, o fruto da colheita atende até mesmo parentes daqueles que cumprem regime fechado.
“Atualmente nós conseguimos atender 30 famílias com essa horta. Ela é usada para prestação de serviço comunitário e até quem já pagou pelos crimes que cometeu e já passou pelo projeto às vezes aparece para ajudar na limpeza, tamanha é a importância para as vidas deles”, diz Neide.
Essa iniciativa saiu do papel graças a uma rede de parceiros. “Nós também contamos com apoio do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul, de uma usina que doou adubo e da Prefeitura, que doou mudas para o plantio da horta”, afirma a diretora do Patronato.
Da parte da Agraer, quem abraçou a causa foi o engenheiro agrônomo Ronaldo Botelho. “Primeiro nós colocamos a ideia no papel escrevendo um projeto, o que nos permitiu ir atrás das parcerias. Fizemos a instalação do sistema de irrigação, pois não há horta sem água, seguida do tombamento do solo, encanteiramento e preparo. E duas vezes nós oferecemos capacitações sobre importância das verduras para a saúde”, afirma o extensionista do escritório da Agraer em Naviraí.
Segundo ele, a ideia é fornecer os meios para que os detentos possam seguir o plantio por conta própria e, quem sabe, usar o conhecimento adquirido para gerar renda quando já estiverem quites com a Justiça.
“A vida inteira eu trabalhei com extensão. Como funcionário público, procuro atender todas as demandas e abracei esta causa. Estamos motivando os reeducandos a tocarem a horta com os próprios braços, mas eles sabem que a Agraer estará sempre de portas abertas para aqueles que a procuram”, conclui o engenheiro agrônomo.
Texto: Ricardo Campos Jr. – Agraer
Fotos: Escritório da Agraer em Naviraí