Cravo, canela, gengibre e alho podem ser remédios contra praga da goiabeira, avalia estudo

Categoria: Geral | Publicado: sexta-feira, janeiro 6, 2023 as 09:18 | Voltar

A solução para contornar problemas que afetam a produtividade no campo às vezes pode vir da própria natureza. É com base nessa premissa, que um dos pesquisadores da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer), vai investigar a ação dos extratos de cravo, canela, gengibre e alho no controle da doença conhecida como Seca dos Ponteiros da Goiabeira, uma das mais prejudiciais aos agricultores familiares que plantam essa fruta em Mato Grosso do Sul.

O projeto é de autoria do agrônomo doutor em Produção Vegetal, Héber Ferreira dos Reis. Os recursos para a realização do estudo são da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul (Fundect).

Segundo ele, essa doença é causada pela bactéria Erwinia psidii e tem ocorrido em pomares comerciais do Estado. “Ela causa escurecimento e seca de ramos mais novos, como também de folhas, flores e frutos. O aumento desta doença no pomar, pode provocar enormes perdas de produção, podendo levar o produtor a parar com a atividade”. Não existe controle do patógeno. Quando a infecção começa, cortam-se os ramos com sintomas e os queimam, mas é preciso ter muito cuidado para não contaminar o restante do pomar”, afirma o pesquisador.

Héber visitou pomares da agricultura familiar em Itaporã e Ivinhema, e constatou que vários produtores estavam insatisfeitos com o avanço do micro-organismo. “Meu objetivo é usar um controle alternativo para reduzir a necessidade de podas, que demandam mão de obra e são desgastantes. Meu objetivo é prático: fazer pesquisa mediante a necessidade observada no campo e resolver o problema”, pontua o doutor.

Passo a Passo

Os extratos de cravo, canela, gengibre e alho não foram escolhidos por acaso. “Eu inclusive usei parte deles na minha tese. Esses produtos têm sido avaliados em outros trabalhos de pesquisa, com outras bactérias e fungos. Contudo, a aplicação contra a Erwinia é inédita”, prossegue Héber.

Como toda pesquisa, são várias as etapas até a obtenção dos resultados. Primeiramente, o doutor tem visitado propriedades para coletar amostras do agente causador da Seca. Segundo ele, não basta apenas recolher as plantas acometidas e prosseguir para as próximas fases. É necessário ter a cautela de realizar testes laboratoriais que confirmem geneticamente que o material realmente está infectado pelo microorganismo em questão.

“Em seguida, ainda em laboratório, eu vou reproduzir essas bactérias em meios de cultura para depois adicionar os tratamentos e ver como elas se comportam. Se não crescerem nada, por exemplo, significa que os extratos agiram positivamente contra elas”, explica Héber.

Na sequência, os dois melhores tratamentos contra a Erwinia seguirão para a etapa seguinte, em plantas vivas. Em uma estufa (casa de vegetação), Héber irá inocular goiabeiras jovens com a bactéria e usará os extratos novamente para ver se eles controlam o avanço da doença.

Além dos produtos de origem vegetal, ele também terá um grupo de plantas que serão tratadas com produtos conhecidos como indutores de resistência. “Eles não são tóxicos ao homem e animais, e fortificam a planta, ativando genes adormecidos capazes de controlar os patógenos que as contaminam, aumentando a resistência preventivamente e também curativamente, atuando sobre os patógenos após a entrada deles nas células”, diz o pesquisador.

O prazo da Fundect para a conclusão do estudo é de 24 meses, que começou a contar no dia 27 de julho deste ano. “Nesse tempo, eu já comprei todos os produtos necessários para realizar o trabalho de laboratório. Por residir em Dourados, farei o trabalho em parceria com a Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), contando com a colaboração de um bolsista de iniciação científica dessa universidade”, completa.

 

Texto: Ricardo Campos Jr. – Assessoria de Comunicação Social da Agraer

Fotos: Héber Ferreira dos Reis – Escritório da Agraer em Dourados

Publicado por: Alcineia Santos Maceno da Silva

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