Se existe uma unanimidade entre cooperativas de agricultores familiares paranaenses é que a união faz a força. Há pouco mais de um ano, elas perceberam que trabalhar de forma isolada não daria a elas tanta força no mercado. Por isso, junto com a equipe da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) do estado, decidiram se unir. E dessa grande união, de 10 cooperativas, surgiu o Consórcio Empresarial entre Cooperativas da Agricultura Familiar, que já mudou a vida de três mil famílias produtoras.
E não foi só a vida dos agricultores familiares que mudou. A dinâmica de vários municípios do Paraná, incluindo a região metropolitana de Curitiba, foi alterada e de forma muito positiva, como avalia o técnico de Ater José Custódio Canto. “O resultado dessa união foi excelente. A assistência técnica foi importante nesse processo, porque permitiu ter um diagnóstico da realidade das cooperativas e entender que, de forma isolada, elas não teriam condições de entrar no mercado.”
José Custódio conta que, de segunda a sexta, as famílias cooperadas participam do projeto Nossa Feira. Eles já possuem dez pontos fixos, onde vendem quase todos os tipos de frutas e hortaliças a preço único, R$ 1,79/ kg. O horário é estratégico, das 17h às 21h, para pegar o público que está saindo do trabalho. “A feira tem uma excelente aceitação por parte da comunidade, principalmente nos bairros da periferia, porque o preço praticado nessa feira é bem inferior ao das redes de supermercados, em torno de 42% a menos”, enfatiza.
Eles já estão abrindo em mais cinco lugares diferentes, com um rol de 15 a 30 produtos diferentes. “O mercado exige essa diversidade de produtos, quantidade, qualidade, principalmente em municípios grandes, como Curitiba”, frisa Custódio.
E o Consórcio não parou por aí. A partir de dezembro deste ano, os agricultores familiares também vão vender seus produtos em terminais rodoviários do município. A ideia do sacolão é atingir um público de cerca de 40 mil pessoas, que transita pelos terminais todos os dias. “Teremos gôndolas para a comercialização de frutas e verduras num espaço de 100m2. Alguns produtos terão o preço livre, mas todos bem mais acessíveis do que os praticados no mercado”, garante Custódio. O primeiro terminal a receber a feira será o do bairro Santa Cândida.
“O resultado é espetacular. É algo para ser difundido para o Brasil inteiro. E não sou só eu que estou satisfeito, as cooperativas e principalmente os produtores estão felizes com isso. As cooperativas porque estão comercializando seus produtos no dinheiro vivo, sem atravessadores. A entrada do dinheiro é imediata, direto com o consumidor, tudo isso é muito vantajoso. Achamos que isso beneficia não só o produtor, mas o consumidor de uma forma geral, que tem a oportunidade de comprar um produto com um preço mais acessível e com qualidade”, finaliza.
Boas práticas
O trabalho desenvolvido pela Emater/PR incentivando o cooperativismo está entre os selecionados do Seminário Nacional de Boas Práticas de Ater. O evento vai reunir, de 1º a 03 de dezembro, em Brasília (DF), boas práticas de assistência técnica em todo o Brasil, em várias categorias.
As propostas selecionadas receberão certificados e farão parte do Caderno de Boas Práticas de Ater, com apoio do MDA para divulgação, compartilhamento e aplicação na assistência técnica.
O processo de compartilhamento das experiências selecionadas será conduzido pelo ministério por meio das ações do Plano de Inovação na Agricultura Familiar. As Boas Práticas selecionadas comporão materiais de divulgação, como arquivos eletrônicos, vídeos, além de outras mídias que serão compartilhadas via Web e outros meios de comunicação.
Jalila Arabi
Ascom/ MDA