A obra será um projeto piloto de uma construção sustentável e torna o processo construtivo mais barato do que a residência convencional
Com os tijolos ecológicos que produz em uma fábrica improvisada no quintal de casa, Manoel Soares de Oliveira Junior pretende levantar a própria casa. A obra será um projeto piloto de uma construção sustentável e torna o processo construtivo mais barato do que uma residência convencional. Além disso, o material deixa o ambiente interno mais arejado.
Tudo começou quando Manoel, decidiu construir mais duas casas no assentamento onde reside, o Geraldo Garcia em Sidrolândia. Ele queria construir uma casa de forma rápida e barata. Durante pesquisas, descobriu o tijolo ecológico e as vantagens que ele proporcionava à construção.
Em parceria com alguns familiares, decidiu investir no negócio. Emprestou uma máquina para confeccionar os tijolos e começou a produção. Formado em Técnico em Edificações pelo Senai, sempre gostou da possibilidade de construir ecologicamente. Inicialmente, ele e a família elaborou pesquisas de construções que não fossem convencionais, até chegar ao tijolo ecológico.
A produção do tijolo ecológico não tem a queima de lenha, diferentemente do convencional, fabricado a partir da queima do barro. Ele é feito a partir de uma mistura de terra, cimento e água, sendo que a proporção de cimento utilizada é de apenas 10%. Mas o que faz o tijolo ecológico ser ecológico, de fato, é a ausência de queima em seu processo de fabricação, ou seja, ele não libera CO2 na atmosfera.
Esses três elementos são misturados até formar um composto homogêneo onde, posteriormente, são moldados, prensados e compactados em prensas manuais ou hidráulicas. Após a prensagem os tijolos passam por um processo de cura e secagem que dura cerca de 28 dias.
Com os tijolos que está produzindo, Manoel pretende levantar a própria casa. Esta seria a primeira residência construída no local, a partir de material ecológico. Entretanto o objetivo, segundo ele, não é parar por aí.
O assentado planeja também construir um espaço de formação para que outras pessoas possam aprender e começarem a produzir os tijolos. “A ideia é transformar este espaço, em um lugar de aprendizado, onde pessoas possam vir aqui, ajudar a fazer, aprender a técnica, aprender a construir com o tijolo ecológico e levar para outros lugares, assentamentos. Seria uma escola popular”.
O projeto já tem despertado, interesse de algumas pessoas. Exemplo do advogado de Campo Grande, Fagner Lira, que esteve no assentamento por uma semana para aprender as técnicas.
Atualmente, o assentado se divide entre o trabalho rural e a produção dos tijolos. A produção que conta com 08 pessoas envolvias ao todo, tem início às 16 horas e se estende até às 18 horas. Em média a equipe produz 300 tijolos ao dia. “Estamos produzindo duas horas por dia, 300 tijolos, mas se fosse feito 08 horas por dia, se produzia em média 1.000”, afirma.
Segundo Manoel, o custo da produção é barato, em torno de 27 centavos. “Se produz em média de 150 tijolos por saco de cimento”, comenta.
Texto: Crislaine Jara (Região News)
Foto: Arquivo pessoal (Manoel Soares de Oliveira Junior)