Campo Grande (MS) – A Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer) mudou a realidade da produção de mel dos agricultores familiares da região do Pantanal Sul-Mato-Grossense, graças a qualidade do trabalho de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) prestados a Associação Leste Pantaneira de Apicultores (Alespana). Com isso o grupo elevou, consideravelmente, a produção de 9 toneladas em 2003 para 64 toneladas até 2014. Resultado esse que rendeu ao Estado um prêmio de “Boas Práticas de Ater”, na categoria II “Nova Ater”, no eixo de associativismo.
Mais do que a entrega de um simples troféu, o evento realizado na última quinta-feira (3), em Brasília, garantiu aos produtores e a Agraer a publicação do trabalho dentro do caderno “Boas Práticas de Ater na Agricultura Familiar e na Reforma Agrária”, edição 2015, do Ministério do Desenvolvimento Agrário. A cerimônia contou com a presença do Ministro do MDA, Patrus Ananias.
O objetivo da ação é identificar, sistematizar e compartilhar referências inovadoras, com contribuição comprovada na ação de Ater, para o desenvolvimento rural sustentável e solidário. “Se chegamos até aqui foi porque pudemos contar com o pronto atendimento da Agraer no campo. Se não fosse esse atendimento não teríamos desenvolvido da forma que estamos hoje e muito menos faríamos parte do caderno”, afirmou a apicultora e presidente da Alespana, Maria Silvana Veiga.
Divididos em 14 categorias, dentro de quatro eixos, os casos de sucesso foram apresentados por instituições e entidades da Ater, durante o Seminário Nacional de Boas Práticas da Ater, promovido de 1 a 3 dezembro, na Capital Federal.
Presente na solenidade do evento, o diretor-presidente da Agraer, Enelvo Felini afirma que a certificação coroa os esforços de profissionais e produtores do campo, que tanto lutam pela valorização da agricultura familiar dentro do cenário econômico nacional. “A Agraer trabalha pelo fortalecimento da agricultura familiar no Estado. Desde que assumimos a pasta estamos seguindo a determinação do governador Reinaldo Azambuja, que é a de buscar novos caminhos e políticas públicas que possam alavancar a produção e geração de renda ao pequeno produtor. O troféu só vem para mostrar que estamos no rumo certo”.
A apicultura concorreu com outras 175 propostas inscritas no concurso promovido pela Secretaria de Agricultura Familiar (SAF), do MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário. Desse total, apenas 57 boas práticas foram selecionadas, sendo 32 delas de entidades públicas de Ater, a exemplo da Agraer, entidade vinculada a Sepaf (Secretaria de Estado de Produção e Agricultura Familiar), do governo de Mato Grosso do Sul.
Para a coordenadora regional da Agraer de Anastácio, Vera Golze, a troca de experiências possibilitada durante o evento foi o mais recompensador. “O mais legal de tudo isso é você poder ver tudo de perto e ainda ter a chance de conversar diretamente com as pessoas que executam tão bons trabalhos. Falei com gente do semiárido brasileiro, Amazonas, Sul e Sudeste. Eu e a Silvana retornamos com contatos profissionais. Estou cheia de ideias que quero aplicar na Agraer, inclusive, já estou repassando contatos para meus colegas de trabalho que atuam em atividades diferentes do mel, como leite, por exemplo”, contou.
O período de inscrição do concurso foi em outubro e a seleção realizada no mês de novembro. A seleção dos projetos segundo o coordenador de Inovação e Sustentabilidade do Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural do MDA, Ben Hur Côrrea, foi feita por Comissões Estaduais coordenadas pelas Delegacias Federais do MDA, sendo que as entidades de Ater só puderam credenciar um único trabalho em cada uma das 14 categorias existentes. “Durante o seminário foi apresentada uma boa prática por categoria, pelas pessoas responsáveis por cada uma, como cooperativismo, agroecologia, jovens, mulheres, cooperativismo e associativismo”, destacou.
Na etapa estadual, o projeto de apicultura da Agraer e Alespana ficou em primeiro lugar no Estado, estando à frente de trabalhos de outras importantes instituições que prestam serviços pelos 79 municípios sul-mato-grossense. “Você acredita no seu trabalho, mas receber a indicação é sempre uma surpresa. Foram 175 concorrentes e estar entre os 57 escolhidos é uma honra que nos motiva a continuar com esse trabalho junto a Alespana”, disse a coordenadora da Agraer Vera.
Alespana
Fundada no ano de 2001, a Alespana começou com seis produtores e, hoje, possui 42 sócios em diversos municípios da região pantaneira de Mato Grosso do Sul, sendo 32 homens e 10 mulheres. Terenos, Anastácio, Aquidauana, Nioaque, Miranda e Dois Irmãos do Buriti são as seis cidades nas quais os apicultores exercem suas atividades.
Em 2006, a associação ganhou sua sede através de uma parceria firmada entre Município e governo do Estado. Na ocasião, a prefeitura fez a doação de quatro terrenos, onde por convênio com a Agraer construiu um entreposto de mel, local de armazenamento do produto e, posteriormente, uma sala de reuniões.
Ao longo dos anos, os esforços da Agraer com os produtores garantiram outras conquistas, como o benefício do Crédito Rural para apicultura, tanto para investimento, quanto para custeio, tornando o escritório da Agraer de Anastácio e a agência do Banco do Brasil de Aquidauana referências para projetos apícolas no Estado.
Já a nível de investimentos, a Associação conseguiu por intermédio da Agraer mais de R$ 64 mil a serem aplicados em equipamentos. O montante foi viabilizado por meio de convênios, firmados via Ministério da Integração Nacional e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Dos vários benefícios que o trabalho entre Alespana e Agraer trouxe, Vera Golze enumerou alguns deles. “Tivemos aumento dos índices de produção, melhoria na qualidade do mel e emissões de DAPs [Declaração Anual do Produtor Rural] individuais e coletivas para a apicultura que permitiram a comercialização do mel em merendas escolares. Também conseguimos a emissão de certificações de qualidade, como o selo do Sipaf (Selo da Agricultura Familiar), emitido pelo MDA, o SIE (Sistema de Inspeção Estadual) que atesta a segurança sanitária do produto, autorizando a comercialização do mel no comércio de todo Estado e, por fim, o selo de identificação Geográfica – Mel do Pantanal”.
Esse último, Golze ressaltou que ainda não está sendo impresso nas embalagens em razão de alguns trâmites burocráticos para o seu lançamento oficial. “Falta apenas os ajustes finais como elaboração da logomarca do selo, bem como outros detalhes. Mas a Alespana já tem autorização para usá-lo e só estamos aguardando que o mesmo fique pronto. O selo vai gerar maior segurança ao consumidor e agregar mais valor para o produtor na hora da negociação”, explicou.
Aline Lira – Assessoria de Comunicação Agraer