No mês voltado às comemorações pelo Dia dos Povos Indígenas, a Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural), órgão vinculado à Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), oferece mais um incentivo à produção agroecológica de hortifrútis na horta comunitária da aldeia urbana Água Bonita, localizada na região norte de Campo Grande, por meio da doação de cinco toneladas de calcário e de sete toneladas de adubo orgânico, realizados no final de março e início de abril. Além das doações, o escritório municipal da Agraer auxilia os agricultores familiares indígenas com a assistência técnica especializada dos engenheiros agrônomos José Soares Sobrinho, Martin Lopez dos Santos e Sidney Kock.
De acordo com o cacique Auder Romeiro Iarrea a horta comunitária ocupa 6,6 hectares dos 13 hectares da aldeia urbana para produção de hortaliças, frutas, tubérculos e até plantas medicinais. “Atualmente 30 famílias estão envolvidas nas atividades diárias da horta, sendo que 10% de toda a produção é revertida para os moradores da aldeia que hoje somam 302 famílias”, afirmou. A aldeia urbana integra povos das etnias Terena, Kadiwéu, Guarani, Guarani-Kaiowá e Kinikinau.
Entre os itens de maior cultivo na horta comunitária estão alface, cebolinha, couve, salsinha, coentro, abobrinha, beterraba, pepino, chuchu e mandioca. “Em cada lote há diferentes cultivares e os trabalhos são desenvolvidos pelas próprias famílias que vivem aqui. Temos ainda um lote com mais de mil plantas medicinais catalogadas”, destacou o cacique. A comercialização é realizada em mercados, feiras e residências da região para complementar a renda dos moradores.
O casal Ana Paula e Sidnei de Souza produz alface, cheiro verde, coentro, salsinha, rúcula, almeirão, repolho, quiabo e limão. No contraturno escolar, os seis filhos com idades entre oito e dezoito anos ajudam nos afazeres da horta. “Depois que participamos dos cursos que a Agraer ofereceu passamos a cultivar em qualquer espacinho, até mesmo em casa”, ressaltou Ana Paula. Além da comercialização, a produção auxilia na própria subsistência da comunidade e na preservação da tradição indígena dos cuidados com a terra.
Outra característica é a produção agroecológica, ou seja, todo o processo desde a preparação do solo até a colheita dos cultivares é feito sem a ajuda de insumos químicos, preconizando a preservação da biodiversidade, a rotação de culturas e o uso de biofertilizantes. “A correção do solo é feita com o calcário, a terra é adubada com insumos orgânicos e os inseticidas e fertilizantes são todos naturais. Todo o aprendizado sobre os princípios para o desenvolvimento sustentável a partir da agroecologia foram ensinados à comunidade em cursos desenvolvidos pelos extensionistas da Agraer”, explicou a engenheira agrônoma e coordenadora do projeto Hortas Urbanas, Francimar Perez.
Serviço
A aldeia urbana Água Bonita está localizada na região do bairro Nova Lima. Para saber mais sobre a comercialização dos hortifrútis basta entrar em contato com o cacique Auder por meio do telefone (67) 99661-7445.
Texto e fotos: Fládima Christofari – Comunicação da Agraer
Publicado por: Alcineia Santos Maceno da Silva