No 1º Encontro Goiano de Fruticultura, promovido pela Faeg, o presidente da Agência Goiana de Defesa Agropecuária, Arthur Toledo, foi enfático ao afirmar que a fiscalização com cunho sanitário vem para ajudar e não para punir o produtor. Ele ressaltou a importância da inspeção sanitária realizada pelo órgão afirmando que “essas vistorias são feitas em função de estudos, visitamos periodicamente as propriedades que podem apresentar eventuais pragas. Para isso, a Agrodefesa conta com um quadro de 229 agrônomos” explica.
Ele também destacou que os cuidados com a qualidade da produção podem influenciar diretamente no resultado final, ou seja, na hora de colher os frutos do trabalho duro. “Muitos produtores enxergam as visitas da Agrodefesa como algo prejudicial, mas na verdade o produtor que pretende crescer e consegue entender que o consumidor final está cada vez mais exigente, vê na visita uma possibilidade de melhorar,” expõe o presidente.
Durante o evento, que foi aberto na quarta-feira e prossegue até esta quinta-feira, dia 8, ainda serão debatidos gargalos ligados à cadeia produtiva e palestras que visam a orientar o produtor sobre cuidados que vão desde o plantio até a hora de embalar o produto.
A força da união
Sobre a união entre os elos produtivos do setor, o presidente da Agrodefesa reafirmou que “a boa comunicação entre sindicatos, Agrodefesa, Federação, associações, cooperativas e produtores rurais, faz muita diferença. Quando há uma comunicação eficaz todos ganham e a prova disso é um setor que tem crescido cada vez mais e enchido todos, dos mais diversos elos, de orgulho” enfatiza Arthur Toledo.
O instrutor da área de fruticultura do Senar, Fernando Domingues, aprovou a inciativa do evento. “Eu acompanhei todas as palestras ao longo do dia e acho que medidas como esta impulsionam ainda mais esse setor que só tem mostrado seu enorme potencial.” Quando questionado sobre sua participação no segundo e último dia, o instrutor não hesitou. “Eu virei com certeza. Foi muito produtivo e muitos questionamentos que nós ouvimos durante os cursos de fruticulturas foram esclarecidos aqui, entretanto para uma plateia muito maior,” conta Domingues.
Desperdício
Técnicos, especialistas e pesquisadores que participam do evento entendem que aumentar a produção de frutas é a possível solução para atender o futuro aumento da demanda global por alimentos. O caminho para essa elevação na produção pode ser o aumento da área plantada ou a ampliação do rendimento das culturas.
Debate
Durante um debate, o presidente da Comissão de Fruticultura da Faeg, Wagner Barros, afirmou que investir nos cuidados com a produção torna a atividade mais rentável ao produtor. “Ao realizar as medidas sanitárias adequadamente, o produtor irá evitar que pragas se alojem em sua produção, então, quando ele deixa de tomar os cuidados necessários, com certeza vai sofrer com o aumento dos gastos para conter esses invasores,” explica Wagner.
Barros explica também como seriam essas medidas consideradas sanitárias, na prática. “Temos várias medidas que podem ser definidas como medidas de defesa sanitária, entre elas estão: utilização de mudas que são produzidas em viveiros certificados e autorizados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e pela Agrodefesa, opção por maneiras mais adequadas ao controle da produção através de uma assistência técnica, no caso de uma agrônomo que seja capacitado para determinada fruta cultivada, além da utilização dos defensivos que sejam também normatizados e aprovados de forma correta” orienta.
Em sua palestra Embalagens e Perdas, a pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Hortaliças, Rita Luengo, apresentou um relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), apontando que cerca de um bilhão de toneladas de alimentos produzidos no mundo são desperdiçadas a cada ano. No caso das frutas e hortaliças, o problema é motivado pela falta de infraestrutura adequada ao longo da cadeia produtiva. Só em Goiás, 30% da fruticultura é desperdiçada durante o processo de manuseio.
Para Rita, viabilizar a chegada do alimento produzido até a população, através da redução de perdas e desperdícios com a adoção de soluções eficientes ao longo da cadeia produtiva, configura uma das formas de garantir segurança alimentar e nutricional a todo o mundo. “Neste sentido, a integração das partes componentes da cadeia produtiva passa a ser ação essencial no gerenciamento das perdas, uma vez que cada parte isolada tem efeito positivo ou negativo sobre a outra”, enfatizou.
No Brasil, a Embrapa dedica parte de suas ações na busca de soluções tecnológicas que diminuam os impactos ambientais causados pelo desperdício. Segundo a pesquisadora, os projetos elaborados visam a melhorar e diminuir os efeitos negativos de cada etapa da cadeia produtiva, passando pela produção, manuseio, processamento, mercado, distribuição até chegar à mesa do consumidor.
“Atualmente temos um projeto voltado aos pequenos e grandes produtores de fruticultura, no sentido de melhorar o manuseio durante a colheita e o processo de embalagem dentro da própria propriedade. O objetivo é que o produtor sofra menos, seja protegido de condições adversas e seja menos machucado”, ressaltou. A intenção é que os próprios produtores embalem seus produtos antes de chegarem às indústrias, cooperativas, Centrais de Abastecimento do Estado de Goiás (Ceasa), supermercados e assim, chegarem nas mãos dos consumidores com a embalagem de origem.
De acordo com o técnico adjunto do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar), Leonnardo Furquim, a entidade vem trabalhando com cursos voltados para a qualidade dos frutos durante o processo de embalagem, principalmente pós-colheita. “Hoje trabalhamos com cursos para diminuírem os impactos durante o transporte dos produtos e com isso, levar mais qualidade a mesa do consumidor”, destacou. Os cursos oferecidos são: Técnicas de produção da fruticultura eProcessamento de Frutas.
Aperfeiçoamento na produção
O produtor de Palmeiras de Goiás, Almir Bastos, já utiliza a técnica de embalagem em sua propriedade de cerca de 126 hectares de laranja. “Temos todas as ferramentas de pós- colheita em minha propriedade e assim que finalizamos o processo de lavagem, passamos para as embalagens próprias. Ganhamos muitas vantagens com essa técnica”, explicou Almir, que também preside a Associação Goiana dos Citricultores (Agocitros).