Campo Grande (MS) – Queridinha entre a galera do mundo fitness, que busca aumentar a massa muscular e queimar a gordura, a batata-doce vem se demonstrando um produto bastante interessante para a agricultura familiar, pois se há quem consome é preciso ter quem a cultive.
O tubérculo caiu tanto no gosto do paladar urbano que, no meio rural, o alimento pode ser um atrativo a mais em termos de cultivo, comercialização e renda na agricultura familiar. Fator esse que levou a Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural) a promover uma ação de campo intitulada de “Dia Especial Sobre a Batata-Doce”, no município de Glória de Dourados.
O trabalho é uma ramificação dos estudos das pesquisadoras do Cepaer (Centro de Pesquisa e Capacitação da Agraer), Mariana Zatarin e Liliane Kobayashi. “Em 2014, iniciamos um estudo com cultivares de batata-doce, algumas naturais do próprio Mato Grosso do Sul. As pesquisas tiveram continuidade e, em 2017, fizemos uma parceria com a UEMS e a prefeitura de Glória de Dourados. Em abril do ano passado, fizemos o plantio para multiplicação das ramas de batata-doce em uma área da Defap [Departamento de Fomento Agropecuário de Glória de Dourados] e, em novembro, foram selecionados 11 genótipos e plantados na Unidade Demonstrativa da UEMS, do curso de Agroecologia”, informou Mariana.
De acordo com a pesquisadora, a área da UEMS, de cerca de 2 mil m², foi imprescindível para o dia de campo sobre a batata-doce. “Os agricultores puderam ver e avaliar o desenvolvimento vegetativo, o ciclo e a produção de genótipos de batata-doce com diferentes características fenotípicas de folha, casca e cor da polpa. Pudemos explicar aos produtores que há dois ciclos no cultivo da batata-doce, o curto e o longo. O primeiro que leva de 90 a 100 dias e o outro que chega a 150 dias. Respeitar o tempo é um dos fatores determinantes para a qualidade da colheita, tamanho e sabor do alimento”, destacou.
O estudo em torno da batata-doce também tem a finalidade de reduzir a importação do alimento dentro da Ceasa, aumentar o poder de comercialização dos agricultores familiares e, consequentemente, aumentar o leque de variedades de batata-doce ofertadas aos consumidores. “A batata-doce está em alta no mercado e, atualmente, está sendo denominada ‘alimento dos atletas’ em função dos benefícios à saúde humana e da contribuição ao desempenho dos esportistas. O quilo da batata-doce pode chegar a R$ 3,00 o quilo. Contudo, a quantidade que o Mato Grosso do Sul importa ainda é muito grande sendo que o chega em termo de variedade é bem pouca. Uma é a de casca rosada e polpa amarela clara, a mais conhecida, e a outra é a de pele branca”, diz a pesquisadora.
Para o agricultor Dinacir Luiz Felippi a capacitação foi produtiva na unidade demonstrativa. “Eu conheci variedades de batata-doce que até então eu não conhecia. A gente tirou as dúvidas de cultivo com pessoas [profissionais] que conhecem bem o desenvolvimento da batata-doce, e falamos das nossas dificuldades sobre a logística de comercialização. Futuramente, acho que posso cultivar batata-doce para venda. Por enquanto, o uso é para dentro do sítio, nas refeições de casa e no complemento da alimentação das criações, porcos e peixes”.
Zatarin ainda explicou que o cenário sul-mato-grossense, solo e clima, são propícios para o cultivo desse tipo de alimento e que Agraer está com ações de fomento a produção. “No caso da região de Glória de Dourados, os agricultores da região que tiverem intenção de cultivo podem buscar o nosso escritório do município. Lá, Os técnicos em parceria com a UEMS e prefeitura podem disponibilizar ramas para plantio”.
Só dentro da Cepaer, em Campo Grande, Mariana Zatarin conta com mais de 20 tipos distintos de batata-doce no estudo sobre o cultivo e desenvolvimento. Além da própria área da UEMS, que conta com a coordenação das pesquisadoras da Agraer e o trabalho de professores e estudantes do curso de agroecologia.
“Originalmente, as pesquisas surgiram no começo dos anos 2000 quando muitos materiais de mandioca e batata-doce foram coletados em Mato Grosso do Sul e levados ao Instituto de Agronômico de Campinas, São Paulo. Em 2014, fizemos a retirada, no Instituto, de algumas cultivares de batata-doce tanto típicas de nosso Estado como de outras regiões. E, há variedades de batata-doce em nosso experimento que foram coletadas originalmente em municípios como Chapadão do Sul e Bodoquena”, recordou.
Benefícios
Boa fonte de carboidratos necessários para energia é um tubérculo que também tem boas doses de cálcio, magnésio, potássio, vitaminas do complexo B, vitamina A, E e C, sendo que todos são importantes para a saúde da nossa pele, olhos, músculos, manutenção da imunidade e combate aos danos causados pelo excesso de radicais livres.
A batata-doce também é um alimento rico em fibras o que auxilia o funcionamento intestinal e a saciedade e, ainda, lhe confere a baixa carga e índice glicêmico, o que faz uma liberação gradativa de energia ao corpo humano.
Este é um dos pontos que tornou o alimento preferido entre esportivas profissionais e amadores e recomendada até mesmo na dieta dos diabéticos. “Rica em carboidratos complexos, de baixo índice glicêmico, a batata-doce liberta o açúcar de forma bastante lenta na corrente sanguínea sem picos de açúcar no sangue, evitando o aumento do colesterol ruim (LDL) e dos triglicerídeos. O que a torna uma fonte de energia estável que oferece uma boa capacidade de resistência e desempenho durante o treino”, conclui Mariana.
Texto: Aline Lira/ Fotos: Divulgação – Assessoria de Comunicação da Agraer