Campo Grande (MS) – Com o propósito fortalecer a agroecologia dentro da agricultura familiar e ainda promover o enriquecimento da biodiversidade nativa, o fortalecimento e a valorização do conhecimento popular, a Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural) vem incentivando mulheres do assentamento Itamaraty, em Ponta Porã, na criação de um viveiro de plantas medicinais.
O projeto que já vem sendo desenhando desde o segundo semestre de 2015, conseguiu, em janeiro de 2016, a aprovação de um recurso para a construção do espaço físico, viveiro. De acordo com o coordenador da regional da Agraer de Ponta Porã, Antônio Carlos Peixoto, o dinheiro será viabilizado por uma entidade religiosa que apoia a causa. “Pelo interesse das agricultoras em produzir plantas medicinais, passou-se a fomentar estratégias que permitisse o início de um projeto sobre plantas medicinais. Em setembro, surgiu a oportunidade através da Irmã Olga Manosso de pleitear recurso junto ao fundo das Irmãs de São José de Chambéry, recurso destinado exclusivamente para trabalhos com grupos de mulheres que contemplassem tanto a geração de renda quanto práticas produtivas agroecológicas”, explica.
Antônio Carlos lembra que o trabalho é um desejo antigo, fruto de uma aliança entre a Agraer e grupos de mulheres do Assentamento Itamarati I e II. O projeto ainda conta com o apoio e a parceria do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), das Irmãs de São José e da Associação do Assentamento Itamarati Gerando Vidas (AAIGV). “Na elaboração do projeto contamos com o trabalho dos servidores da Agraer, Mariza Madalena Dahmer e Rogério Franchini, que redigiram o projeto dentro dos critérios exigidos visando à implantação de um viveiro agroecológico para produção de mudas de plantas medicinais”, conta.
E do que depender das ações e parcerias firmadas, Peixoto garante que os trabalhos só tendem a crescer este ano. No dia 29 de fevereiro, o grupo responsável pela criação do viveiro se reuniu, em Campo Grande, com o superintendente do Incra de Mato Grosso do Sul, Humberto de Melo, para discutir a possibilidades de uma adesão da entidade ao projeto.
“No encontro ficou definido pelo grupo de trabalho que e a Fiocruz e a Agraer apresentarão a proposta de viabilidade econômica de um projeto ao Programa Terra Sol visando o cultivo, o fomento e o processamento das plantas medicinais. O projeto deverá contemplar a ampliação do viveiro, a implantação das hortas vivas medicinais, o processamento e embalagem das plantas medicinais in natura”, detalha Carlos.
Novas parcerias
“A Fiocruz ,na pessoa da engenheira agrônoma Fernanda Savicki, é nossa parceira. Na busca para fortalecer a implantação do projeto e fomentar a estrutura necessária para o processamento das plantas medicinais, está se buscando outros apoios. Neste sentido, o Movimento de Mulheres Camponesas-MMC Estadual viabilizou uma agenda com a engenheira agrônoma da Fiocruz em Campo Grande que aderiu como colaboradora e sugeriu uma reunião com a Superintendência do Incra, por conta do acordo de cooperação firmado, em 2015, entre o próprio Incra e a Fiocruz”, detalha.
Esse acordo o qual Antônio Carlos se refere tem como princípio base estimular a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias e uso sustentável da biodiversidade para as mulheres assentadas da reforma agrária.
Participaram da reunião no Incra, os profissionais da Agraer de Ponta Porã, Antônio Carlos Peixoto, Mariza Madalena Dahmer e Rogério Franchini, a servidora da Fiocruz Fernanda Savicki, a representante das Irmãs São José, a religiosa Olga Manosso, servidores do Incra responsáveis pelo Programa Terra Sol, o superintendente Humberto Melo e a representante do Movimento da Mulheres Camponesas (Francisca).
Cultivando resultados
E se tudo der certo não vai demorar muito para o assentamento Itamaraty ganhar esse viveiro agroecológico, uma vez que o recurso oriundo da instituição religiosa já está disponibilizado e a busca de novas parcerias continua. “Este projeto foi contemplado em janeiro de 2016 e o recurso já está disponibilizado. O projeto inicialmente visa promover a saúde familiar a partir das plantas produzidas e a geração de renda através da comercialização de plantas medicinais”, informa o coordenador Peixoto.
Em seguida será a vez que avançar os trabalhos. A intenção é atender a normativas federais que possam dar acesso seguro a essas plantas pela rede pública de saúde. “Pretendemos estabelecer um diálogo com a Secretaria Municipal de Saúde no sentido de desenvolver ações conjuntas que visem à inclusão das plantas medicinais autorizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para tratamentos naturais e fitoterápicos na Atenção Primária da Saúde, no Assentamento Itamarati I e II, bem como na cidade de Ponta Porã, conforme preconiza a Política do Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos no Brasil aprovada por meio do Decreto nº 5.813, de 22 de junho de 2006, estabelecendo diretrizes e linhas voltadas à garantia do acesso seguro e uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos no país e o desenvolvimento de tecnologias e inovações”, justifica Carlos Antônio Peixoto.