O Governo de Mato Grosso do Sul deu início a um novo ciclo de transformação para a bovinocultura leiteira com o lançamento oficial do Proleite MS – Plano Estadual de Desenvolvimento da Bovinocultura Leiteira. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (10), durante o Gabinete Itinerante na 85ª Expogrande, em Campo Grande. Com investimento previsto de R$ 70 milhões em dois anos, o plano prevê ações em assistência técnica, melhoramento genético, incentivo à indústria e remuneração direta ao produtor rural.
A proposta foi desenvolvida pela Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação) em conjunto com a Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Leite, e prioriza pequenos e médios produtores dos 22 municípios considerados polos leiteiros estratégicos. A execução será coordenada por um comitê gestor formado por diversas instituições: Agraer, Semadesc, Sefaz, CEPA, Iagro, Imasul, Sebrae/MS, Senar, UEMS, Mapa e prefeituras locais.
“A produção leiteira em Mato Grosso do Sul, no geral, ainda é muito rústica. O Proleite vem para mudar esse cenário, com foco na qualidade, assistência técnica – pública e privada, com apoio do Senar – e incentivos fiscais. Aquele produtor que alcançar metas de aumento de produção será remunerado por meio desses incentivos”, explicou o secretário Jaime Verruck, da Semadesc.
Ele reforçou que o objetivo é quase triplicar a produção de leite no Estado em cinco anos. “Hoje temos uma informalidade grande na produção e uma produtividade muito baixa. Além disso, cerca de 50% da capacidade industrial dos laticínios está ociosa, o que mostra que não faltam indústrias, falta leite. Se colocarmos mais leite nas plantas, teremos novos produtos, mais empregos e mercado fortalecido”, destacou.
Outro ponto importante é a revisão da política tributária. “Queremos tornar as indústrias locais mais competitivas, para que o consumidor encontre nas prateleiras produtos feitos em Mato Grosso do Sul, e não apenas de fora do Estado”, completou o secretário.
Plano com múltiplas frentes de ação
O PROLEITE se estrutura em quatro grandes eixos:
– Melhoramento Genético: com dois programas de fomento, em parceria com o Senar/MS e com o Núcleo de Criadores de Girolando de MS. Serão investidos R$ 4,297 milhões na distribuição de sêmen sexado e embriões, e mais R$ 4,95 milhões para aquisição de matrizes leiteiras de alta qualidade. A meta é realizar 2 mil inseminações, gerar 1.200 prenhezes, distribuir 276 bezerras, 106 novilhas prenhes e 45 touros até 2026.
– Assistência Técnica e Gerencial: com capacitação de técnicos, diagnósticos de produção e suporte direto ao produtor, especialmente nos períodos de entressafra.
– Apoio à Indústria Láctea: com a criação do Subprograma de Incentivo à Competitividade das Indústrias Lácteas, instituído por resolução conjunta da Semadesc e da Sefaz, com medidas fiscais para modernização, ganho de escala e valorização do leite sul-mato-grossense.
– Subprograma ExtraLeite: que passa a integrar o PROAPE-MS, oferecendo incentivo financeiro direto aos produtores que atenderem critérios técnicos, sanitários e ambientais. A previsão é de R$ 62,1 milhões em pagamentos diretos, sendo R$ 22,8 milhões no primeiro ano e R$ 39,2 milhões no segundo.
“Faltava o leite”, diz governador.
O governador Eduardo Riedel afirmou que o PROLEITE preenche uma lacuna histórica nas políticas públicas voltadas à agropecuária do Estado. “Já demos suporte a várias cadeias produtivas – suínos, florestas, aves, peixes – e faltava o leite, uma atividade que conheço bem, porque também sou produtor. Temos um grande caminho pela frente para estruturar essa cadeia. Esse é um projeto que atende o setor por inteiro, do produtor à indústria, com assistência técnica, incentivo financeiro e políticas sólidas para que Mato Grosso do Sul seja um vigoroso produtor de leite, com produtores eficientes”, afirmou.
Produtores receberão incentivo no período de seca
O coordenador da Câmara Setorial do Leite, Éder Souza de Oliveira, também destacou o impacto dos programas lançados. “O Governo lançou hoje dois programas que vêm na contramão da queda de produção atual. São políticas que vão ajudar o produtor a aumentar a produtividade e ainda oferecer um aporte financeiro no momento mais crítico, que é durante a seca”, afirmou.
Segundo ele, o ExtraLeite vai usar a média de produção do período das águas como base para repassar um percentual de incentivo financeiro durante a estiagem. “É o momento em que o produtor mais precisa, porque é quando aumenta o custo com alimentação e manejo do rebanho”, explicou.
Éder detalhou que a adesão ao programa está vinculada à produção: produtores com média acima de 100 litros/dia poderão ingressar no programa de genética, e aqueles com mais de 150 litros/dia poderão acessar o programa de incentivo fiscal. A fase atual é de cadastro dos técnicos e produtores, com sistemas operados pela Semadesc e Secretaria da Fazenda.
Além disso, está sendo realizado um novo diagnóstico da cadeia leiteira, em parceria com a APLA e o Instituto da Agricultura Familiar, para atualizar os dados do setor — que, segundo o censo de 2017, contava com cerca de 24 mil produtores em todo o Estado.
Rosana Siqueira, João Prestes e Marcelo Armôa, Semadesc
Fotos: Mairinco de Pauda, Semadesc