Com a presença do secretário Jaime Verruck, a ação foi promovida pela Semadesc e Agraer no assentamento Nazareth, em Sidrolândia.
Mato Grosso do Sul avança na sustentabilidade com o plantio das primeiras mudas do programa Agroflorestar MS – Carbono Neutro para Agricultura Familiar. A iniciativa, promovida pela Semadesc (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação) e pela Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural), em parceria com a CooperApoms (Cooperativa dos Orgânicos do Mato Grosso do Sul), busca integrar desenvolvimento produtivo e conservação ambiental.
Nesta sexta-feira (14), no Assentamento Nazareth, em Sidrolândia, o sítio Anjico foi o primeiro a receber as mudas do programa. A agricultora familiar Marli Berbelim, anfitriã do evento, celebrou o momento ao lado das autoridades presentes. “Já recebi 130 mudas para o plantio. Essa área inicial, com cerca de 230m², é apenas o começo de um projeto que valoriza a agrofloresta e a agricultura sustentável”, destacou.
O secretário da Semadesc, Jaime Verruck, ressaltou a importância da iniciativa e o compromisso do governador Eduardo Riedel com o desenvolvimento sustentável. “Esse projeto é um divisor de águas, pois demonstra que é perfeitamente viável inserir os agricultores familiares no mercado de crédito de carbono. A ideia é levar esse modelo para a COP 30, e o governo federal já manifestou interesse em replicá-lo em outras regiões”, afirmou.
O diretor-presidente da Agraer, Washington Willeman, enfatizou o papel da assistência técnica para o sucesso do Agroflorestar. “Estamos há dois anos trabalhando nesse projeto ao lado da Semadesc, Apoms, Seaf e parceiros como a UFGD e o Rabobank. A Agraer é fundamental na ponta, garantindo que as mudas sejam bem plantadas e cuidadas para gerar resultados efetivos.”
Para o secretário-executivo da Seaf, Humberto Mello, o projeto coloca a agricultura familiar do Estado em outro patamar. “Vamos para uma COP 30, no Brasil, sem outra experiência como esta, que coloca o agricultor familiar no protagonismo do mercado de carbono. O projeto cobre todo o ciclo, desde a seleção do agricultor até a comercialização dos créditos de carbono, com a Fundação Rabobank fazendo a ponte entre os pequenos produtores e o mercado.”
Até o momento, 270 agricultores já aderiram ao programa, que prevê a distribuição de 14 espécies de plantas, como manga, abacate, acerola, caju, jaracatiá, café, etc. Olácio Komori, da Apoms, destacou a importância do incentivo global a sistemas agroflorestais.
“A Apoms conheceu o banco da Holanda, Rabobank, que fez um estudo que comprovou que os sistemas agroflorestais, com uma diversidade maior entre plantas nativas e frutíferas, são os mais resilientes e conseguem aguentar e trazer ao produtor mais possibilidade de renda neste cenário de mudanças climáticas. Nesse sentido, o banco criou estratégias a nível mundial para incentivar essa prática, foi aí que procuramos parceiros aqui, no MS, como o governo do Estado para entrarmos nesse eixo”, lembra.
Agroflorestar – uma meta ambiciosa para sustentabilidade
O programa prevê a implantação de dois mil hectares de agrofloresta, promovendo o armazenamento de 10 mil toneladas de carbono por ano, podendo alcançar 400 mil toneladas em 20 anos.
A Fundect e a Agraer serão peças-chave nesse processo, garantindo pesquisas tecnológicas e assistência técnica de qualidade. A implantação será escalonada, com 800 produtores inseridos ao longo dos primeiros quatro anos. A expectativa é que cada participante tenha, em média, 2,5 hectares de agrofloresta em sua propriedade, totalizando dois mil hectares até 2027.
Com essa iniciativa, Mato Grosso do Sul reforça sua posição como referência em práticas sustentáveis no agronegócio e na agricultura familiar, consolidando um modelo de desenvolvimento ambientalmente responsável e economicamente viável.
Texto e fotos: Aline Lira, Comunicação da Agraer