De um projeto de pesquisa científica realizado pelo servidor da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural) Arcelei Bambil, de 2008 a 2011, formou-se o Grupo de Produção Sustentável Baru, no Assentamento São Manoel, localizado em Anastácio – MS. A ideia do pesquisador foi criar novas tecnologias para desenvolver o potencial econômico do fruto Baru, extraído da árvore Cumbaru, no cerrado brasileiro.
Atualmente o grupo é formado por cinco mulheres, coordenadas por Maria Lúcia de Morais Lima e já recebeu apoio de diversas entidades, entre elas a Comissão Pastoral da Terra, o Instituto Marista, o Instituto Mãe Terra e a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Sustentável de Anastácio.
Após a conclusão do projeto, que resultou em diversas experiências sobre o beneficiamento do fruto e em um equipamento para facilitar a quebra das castanhas, as cinco mulheres permaneceram unidas e incluíram novos frutos para beneficiamento e geração de renda: o pequi, a bocaiuva e o jatobá.
Maria Lúcia conta que o grupo é formado só por mulheres porque elas foram as que persistiram nas atividades do projeto, que incluíam a participação de cursos sobre agroecologia e associativismo e o processamento de alimentos utilizando o baru como matéria-prima. “Nós continuamos trabalhando e formamos a Feira da Economia Solidária de Anastácio, em 2012, e foi aí que começamos a trabalhar com os produtos para vender na feira”.
As agricultoras produzem pães enriquecidos com as farinhas dos frutos do cerrado, tais como: pão com farinha de baru, jatobá e bocaiuva e também o pão de abóbora. Além das castanhas, bombons, bolos, biscoitos e paçocas – tendo como matéria prima os frutos do cerrado.
Às sextas-feiras vendem também os pastéis e coxinhas com massa de mandioca, tudo fresquinho, preparado na hora em que a feira acontece. Por mês elas entregam cerca de cinco mil pães para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e em contrato com o Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS).
“Nós trabalhamos durante quatro anos na minha casa e foi nesse período que fizemos um projeto para construção da nossa agroindústria de panificados”, contou Maria Lúcia. Em 2016, o grupo Baru iniciou os trabalhos em sede própria, com depósito para armazenamento das castanhas, uma cozinha industrial e uma varanda para a extração das castanhas.
De mãos dadas à Economia Solidária, Agraer e CPT formularam projetos para construção da sede do grupo e aquisição dos maquinários para que elas pudessem trabalhar. A Agraer criou todos os rótulos, colaborou na certificação e levou instruções para a comercialização dos produtos para que elas ganhassem mercado.
Atualmente o grupo Baru é integrado por Maria Lúcia e as agricultoras Marta Alves dos Santos, Maria Aparecida Piffer, Eroni de Oliveira Pedroso e Maria de Lurdes Bissoli.
Saiba mais sobre as conquistas do grupo Baru com o depoimento da coordenadora da equipe.
Texto, fotos e vídeo: Fládima Christofari – Agraer